Microbiologista do INSA diz que “é normal” que aumente a fasquia para atingir imunidade de grupo

29 de Junho 2021

O microbiologista João Paulo Gomes defende que “é normal” aumentar a fasquia para se atingir a imunidade de grupo com a variante delta, porque é mais transmissível e, logo, é mais difícil baixar a incidência comunitária.

“Teremos sempre mais infetados do que com uma variante menos transmissível e, nessa perspetiva, é possível que a imunidade de grupo demore um pouco mais”, afirmou o especialista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Em declarações à agência Lusa, João Paulo Gomes disse ainda: “É normal aumentar a fasquia porque é uma variante 60% mais transmissível (…). É muito mais difícil baixar a incidência comunitária, daí ter uma taxa de incidência a 14 dias mais elevada, assim como o Rt mais elevados e, portanto, baixar estes valores também é mais difícil”.

Em declarações à agência Lusa, o médico intensivista José Artur Paiva, da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid-19, admitiu hoje que, com a variante delta, a imunidade de grupo só se deverá atingir perto dos 85% e disse que a redução da idade dos doentes internados prova a efetividade das vacinas.

Questionado pela Lusa sobre estes valores, João Paulo Gomes disse ser “difícil colocar matemática em cima de cenários hipotéticos” e que a questão da imunidade “é demasiado teórica para ser levantada neste momento”.

O especialista do INSA aponta a efetividade das vacinas na prevenção da doença grave, sublinhando: “O processo de vacinação está a correr muitíssimo bem e estamos a baixar de forma relativamente rápida as faixas etárias que estão a ser vacinadas. A grande preocupação tem que ver com a pressão no Serviço nacional de Saúde e não com o número de infetados”.

“Naturalmente que há uma proporção entre o número de infetados e as pessoas que depois irão parar ao hospital, mas quanto mais jovens forem as pessoas que já estejam vacinadas, menor é a probabilidade de as pessoas irem para o hospital e, se forem, provavelmente ficarão menos tempo, a doença é menos severa e o tempo de internamento provavelmente menor”, considerou.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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