“Nós mesmo que tivéssemos um governo melhor que este e mais amigo das empresas nunca conseguíamos fazer o que os outros fazem, porque não tivemos juízo ao longo do tempo”, afirmou Rui Rio, que participou hoje, no Porto, no Ciclo de Conferências da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) “MPE XXI – Qual o Futuro?”.
Um relatório da OCDE, conhecido hoje, revela que a ajuda do Estado às pequenas e médias empresas (PME) durante a pandemia não chegou a um quarto destas empresas, colocando os apoios atribuídos por Portugal nos segundos mais baixos entre os 37 países da OCDE. Só a Finlândia gastou menos, mas até ajudou mais empresas.
O documento, citado pelo Público, revela que o auxílio direto estatal rondou os 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que uma em cada quatro PME não recebeu qualquer ajuda.
De acordo com o relatório da OCDE, houve 25,5% de PME (com quebra de vendas de 40% ou mais) sem qualquer ajuda, direta ou indireta (diferimento de impostos, garantias públicas, etc.) num período de crise.
Em declarações aos jornalistas, Rio, reiterou o que havia dito durante a conferência, e acusou o PS, hoje com o apoio parlamentar da esquerda, de ser o responsável por ter levado a dívida pública para patamares de hoje.
“O principal erro do PS, não é tanto este agora, mas é toda uma governação que foi feita no passado, fundamentalmente no tempo do PS que levou a divida pública para patamares absolutamente brutais”, observou.
Para o social-democrata, com uma dívida pública perto 140%, ou 130% “se não fosse a pandemia”, Portugal não tem a capacidade de países como a Alemanha, cuja dívida pública é “menos de metade” da portuguesa, e que, por isso, tem uma capacidade “brutal para ajudar as empresas”.
Se nós hoje temos uma divida pública perto dos 140%, que se não fosse a pandemia estava nos 130%, nós não temos a capacidade de outros países, como por exemplo a Alemanha, que tem uma divida que é menos de metade do que o produto, tem uma capacidade brutal para ajudar as empresas.
O líder do maior partido da oposição lembrou que foi precisamente o “grande endividamento” externo e público que trouxe a ‘troika’ [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional] a Portugal.
“É como na nossa vida pessoal, se nós pouparmos alguma coisa, nós temos para uma dificuldade. O país não poupou, bem pelo contrário, gastou, apareceu a dificuldade e tem mais dificuldade em lidar com ela. Ainda por cima quando tem um Governo marcadamente à esquerda, não é propriamente muito amigo das empresas, dá nisto”, observou.
Rio considera que estes constrangimentos justificam apenas “que não se apoie tanto quanto se deveria, e queria apoiar, mas não justifica que [o apoio] seja tão escasso”.
“Tão escasso assim deve-se à burocracia do Estado, e deve-se a um Governo que não é sensível à vida das empresas, designadamente um Governo que não bastava ser do PS, tem como apoio parlamentar o Bloco de Esquerda e o PCP, portanto estamos a pedir o impossível com esta política”, rematou, defendendo que tem de haver uma mudança de política.
LUSA/HN
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