Próximos 18 meses serão determinantes para desenvolvimento sustentável, avisa ONU

6 de Julho 2021

As ações e decisões dos próximos 18 meses vão determinar se os planos de recuperação da pandemia de Covid-19 vão colocar o mundo no caminho do crescimento económico, do bem-estar social e da proteção do ambiente.

A estimativa faz parte do relatório deste ano sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, 17 metas globais estabelecidas pela ONU), hoje divulgado pelas Nações Unidas.

De acordo com o documento, que faz um acompanhamento dos esforços globais para alcançar os ODS, a pandemia de Covid-19 veio perturbar os progressos para alcançar os objetivos preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que já eram lentos mesmo antes da pandemia.

Em 2020, notam as Nações Unidas, devido à Covid-19, houve mais entre 119 e 124 milhões de pessoas empurradas de novo para a pobreza, perdeu-se o equivalente a 255 milhões de empregos a tempo inteiro e o número de pessoas com fome pode ter aumentado entre 83 a 132 milhões.

A pandemia, alerta-se também no documento, expôs e intensificou as desigualdades entre países. E dá-se o exemplo das vacinas contra a Covid-19: desde 17 de junho deste ano, na Europa e América do Norte, foram dadas cerca de 68 vacinas por cada 100 pessoas, enquanto na África subsaariana foram vacinadas menos de duas em cada 100.

Devido à pandemia, diz também a ONU, até mais 10 milhões de meninas estão em risco de casamento infantil na próxima década, e o turismo em colapso afetou desproporcionalmente pequenos Estados insulares em desenvolvimento.

Na crise climática, que a desaceleração económica de 2020 pouco melhorou, as concentrações dos principais gases com efeito de estufa continuam a aumentar, com a temperatura média global a chegar aos 1,2 graus celsius acima da época pré-industrial, muito próximos do limite dos 1,5 graus estabelecidos no Acordo de Paris sobre o clima.

No ano passado, comparando com 2019, os fluxos globais de investimento direto estrangeiro diminuíram 40%, também devido à pandemia de Covid-19, diz o relatório sobre os ODS, que fazem parte da chamada Agenda 2030, com metas que incluem melhorar a saúde ou a educação no mundo, reduzir as desigualdades ou estimular o crescimento económico, sempre tendo em conta a preservação do ambiente.

Segundo o relatório, para que os ODS voltem ao bom caminho, governos, cidades, empresas e indústrias têm de utilizar a recuperação para adotar formas de desenvolvimento de baixo carbono, resilientes e inclusivas, que “reduzam as emissões de carbono, conservem os recursos naturais, criem melhores empregos, promovam a igualdade de género e combatam as crescentes desigualdades”, explicam as Nações Unidas em comunicado sobre o relatório.

“Estamos num momento crítico da história da humanidade. As decisões e ações que tomarmos hoje terão consequências importantes para as gerações futuras”, diz, citado no comunicado, Liu Zhenmin, subsecretário-geral do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.

E acrescenta: “As lições aprendidas com a pandemia vão ajudar-nos a enfrentar os desafios atuais e futuros. Aproveitemos o momento juntos para fazer disto uma década de ação, transformação e restauração para alcançar os ODS e cumprir o Acordo de Paris sobre o Clima”.

A ONU nota também que os esforços para enfrentar a pandemia demonstraram uma imensa resiliência comunitária, uma ação decisiva dos governos, uma rápida expansão da proteção social, uma aceleração da transformação digital, além de uma colaboração única para desenvolver vacinas e tratamentos que salvam vidas em tempo recorde. De acordo com o relatório, estes são “alicerces sólidos a partir dos quais se pode acelerar o progresso dos ODS”.

Mas não deixa de alertar que a taxa de pobreza extrema global aumentou pela primeira vez desde 1998, de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Ou que a pandemia afetou os sistemas de saúde e representa ameaças além da própria doença (90% dos países continuam a comunicar uma ou mais perturbações nos serviços essenciais de saúde).

Ou também que provou uma “catástrofe geracional” na educação, ou que afetou os progressos na igualdade de género.

LUSA/HN

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