Vacinação tem “impacto imenso” na quebra da mortalidade

7 de Julho 2021

O coordenador da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 defendeu esta quarta-feira que os números da pandemia em Portugal mostram um “impacto imenso” das vacinas no sistema de saúde e na mortalidade.

Em entrevista à agência Lusa, Válter Fonseca sublinhou as diferenças na atual vaga de Covid-19 em Portugal: “Nesta vaga da pandemia (…) estamos a ver um aumento da incidência, o número de novos casos, mas não estamos a ter, neste momento, o acompanhar dessa curva de incidência com uma subida expressiva das hospitalizações nem de mortalidade”.

“Isto é um impacto extraordinário da vacinação contra a Covid-19. As curvas [agora] afastam-se, enquanto, no passado, havia uma curva de incidência, algum tempo depois subia a curva de hospitalizações e, mais tarde, a curva de mortalidade”, explicou.

Neste momento – prosseguiu –, “começamos a ver uma tendência de separação destas curvas, o que nos diz que, mesmo com as variantes mais preocupantes, como a Delta, em Portugal, as vacinas estão a ter um impacto imenso no sistema de saúde e na mortalidade das pessoas”.

Válter Fonseca insistiu que as vacinas são eficazes e seguras, protegendo contra a doença grave e hospitalização (entre 90% a 95%), mas também diminuindo a transmissão, embora com níveis diferentes.

“Os dados que temos hoje disponíveis, que resultam sobretudo do Reino Unido, que é o país que tem mais história e cobertura vacinal contra a Covid-19, mostram que estas vacinas também têm um impacto na transmissão do vírus, mas não nos valores que vimos para a mortalidade e doença grave”, afirmou o especialista.

À medida que o tempo passa, acrescentou, “começamos a conhecer melhor como é que as vacinas se comportam nos resultados sobre a infeção assintomática e sobre a transmissão. É sempre mais difícil estudar estes últimos resultados do que os primeiros [mortalidade e hospitalização]”.

“Os primeiros [relativos à mortalidade e hospitalizações] são diretos, objetivos, enquanto os outros [relativos à proteção contra a infeção assintomática e a transmissão] precisam de estudos mais complexos”, acrescentou.

Questionado sobre alguma incerteza que ainda existe sobre a proteção relativamente à variante Delta, o responsável afirmou: “Estamos a analisar o verdadeiro impacto desta variante relativamente à efetividade vacinal para que depois se possam tomar as medidas certas para o futuro. Até lá as regras mantêm-se”.

“O que não quer dizer (…) que não haja total confiança nas vacinas. As vacinas são eficazes e estão a fazer o seu trabalho. Basta olharmos todos os dias para os nossos números em Portugal”, acrescentou.

Sobre o futuro, e questionado a propósito da hipótese de uma eventual terceira dose de vacina, ou sobre quais as opções que a Direção-Geral da Saúde tem em análise, Válter Fonseca respondeu: “Todas as hipóteses são estudadas”.

“É muito cedo para podermos dizer o que vai acontecer em termos de doses adicionais. A primeira razão para isso é que não temos ainda o nosso objetivo atingido: vacinar com o esquema completo todas as faixas adultas”, afirmou.

Questionado sobre a necessidade de ser necessária uma terceira dose da vacina contra a Covid-19, o especialista respondeu: “Para tomar uma decisão sobre a necessidade de uma terceira dose precisamos de dados que não são ainda hoje conhecidos, nomeadamente, o que é que acontece à duração da imunidade conferida pelas vacinas”.

“Até ao momento, os dados que temos indicam que a imunidade conferida pela vacina se tem vindo a manter e tem conseguido enfrentar novas variantes, mantendo a proteção das pessoas”, afirmou Válter Fonseca, insistindo: ”Temos de esperar mais algum tempo, manter o nosso objetivo e acompanhar a evolução do conhecimento”.

LUSA/HN

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