Os dois arquitetos têm passado pelo país para a apresentação de exposições ou para a participação em palestras.
Diébédo Francis Kéré, natural do Burkina Faso, fundador e arquiteto do escritório Kere Architecture, sediado em Berlim, esteve em Portugal em novembro de 2019, quando inaugurou a sua exposição na Exponor, em Matosinhos.
Kéré é conhecido por ter vindo a desenvolver uma arquitetura voltada para a responsabilidade e consciência social, numa abordagem que conjuga arquitetura e ‘design’ em compromisso com materiais sustentáveis e modos de construção singulares.
Na ocasião, o arquiteto, que recebeu o Prémio Aga Khan de Arquitetura em 2004, afirmou à Lusa que “a arquitetura consome imensos recursos” e que, por isso, “é importante pensar na sustentabilidade”.
“A arquitetura tem de mudar e para isso é importante juntar esforços”, sublinhou, reiterando que esta precisa “de ter em consideração todas as mudanças” que se passam no mundo, como climáticas e de limitação de recursos.
Também Marina Tabassum, do Bangladesh, passou já por Portugal, em 2018.
Em março desse ano, Tabassum participou nas Conferências da Garagem do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde falou sobre “Construir o Bangladesh”.
A arquiteta bengali defendeu também que a arquitetura atual “tem de ser mais responsável” e que “só serve 1% da população: aqueles que têm dinheiro” para contratarem arquitetos.
Os dois arquitetos somam galardões e reconhecimento internacional pelos seus trabalhos.
Kéré recebeu o diploma de arquitetura da Technische Universität em Berlim (2004), tendo aprendido a arte de carpintaria no Burkina Faso enquanto na Alemanha adquiriu técnicas de construção inovadoras e uma estética de desenho simplificado.
A nível mundial, o trabalho de Francis Kéré revelou-se em espaços expositivos como o Serpentine Pavilion (2017), em Londres, no Reino Unido, e o festival de Coachella (2018), na Califórnia, nas participações na Bienal de Arquitetura de Veneza (2016 e 2018), e em várias exposições individuais, como no Museu do Instituto de Crédito Oficial, em Madrid (2018), no Museu da Arquitetura de Munique (Architekturmuseum, 2016), na Alemanha, e no Museu de Arte de Filadélfia, nos Estados Unidos.
O trabalho de Francis Kéré foi ainda selecionado para exposições coletivas dedicadas à arquitetura em África: “Arquitetura, Cultura e Identidade”, no Museu de Arte Moderna do Louisiana (2015), “Pequena Escala, Grande Mudança: Novas Arquiteturas de Compromisso Social”, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (2010), e “Sensing Spaces”, na Royal Academy, em Londres (2014), no Reino Unido.
Por sua vez, Marina Tabassum licenciou-se pela Universidade de Engenharia e Tecnologia, do Bangladesh, e é a diretora académica do Bengal Institute for Architecture, Landscapes and Settlements.
Professora convidada da BRAC University desde 2005, em Daca, lecionou também na Universidade do Texas, em Arlington, no outono de 2015, e atualmente é professora na Graduate School of Design da Universidade de Harvard, ambas nos Estados Unidos.
Recebeu o prémio Aga Khan de Arquitetura de 2016 pelo seu projeto da mesquita de Bait ur Rouf, em Daca. É também autora do Museu e Monumento da Independência do Bangladesh, durante a sua parceria com Kashef Chowdhury, no atelier de arquitetura URBANA.
Tabassum dirige o atelier de arquitetura MTA – Marina Tabassum Architects -, no Bangladesh, fundado em 2005.
De domingo até quinta-feira, e após uma edição completamente ‘online’ devido à pandemia de covid-19, o UIA2021RIO receberá também, virtualmente, nomes como Eduardo Souto de Moura (Portugal), Anna Heringer (Alemanha) e Dominique Perrault (França).
Entre as figuras já anunciadas e que marcarão presença no evento estão o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador estadual do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, o presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), Thomas Vonier, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Maria Elisa Baptista, entre outros.
Posteriormente, e até dia 22, os congressistas vão assistir a palestras com 20 dos nomes mais importantes da arquitetura mundial e a mesas-redondas com mais de cem arquitetos premiados internacionalmente, além de apresentações de trabalhos, atividades culturais e premiações.
O debate sobre o futuro das cidades deixa de ter fronteiras num ambiente 100% digital e temas fundamentais ao planeamento urbano, como infraestruturas, eficiência energética, mobilidade urbana, habitação social, saúde pública, património, cultura, saneamento e uso das águas serão apresentados ao longo do programa.
Todo o conteúdo estará disponível em cinco idiomas (português, inglês, espanhol, francês e mandarim), para que congressistas de todos os continentes assistam às conferências sobre cidades mais justas, sustentáveis, resilientes, inclusivas e integradas.
A decorrer desde março, em versão digital, o congresso tem vindo a reunir profissionais dos cinco continentes, em semanas temáticas de debate, que abordaram “Fragilidades e Desigualdades”, “Diversidade e Mistura”, “Mudanças e Emergências” e “Transitoriedades e Fluxos”.
Durante a derradeira etapa, será feita a transferência da bandeira do congresso para a Dinamarca, que o acolherá em 2023, assim como do título de Capital Mundial da Arquitetura, para Copenhaga.
O 27.º Congresso Mundial de Arquitetos encerra no próximo dia 22 de julho.
Marcado inicialmente para 2020, o congresso teve de ser adiado para este ano, por causa da pandemia de covid-19, decorrendo de forma virtual desde março. Excecionalmente, a sessão de domingo, segundo Nuno Sampaio, será em formato misto, alternando entre o digital e o presencial.
LUSA/HN
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