Investigador diz que é preciso vacinar crianças para evitar pico de infeções

27 de Julho 2021

O investigador Henrique de Barros defende a vacinação das crianças contra a Covid-19 para evitar outro pico de casos e para que no inverno a vida se possa aproximar do que era antes da pandemia.

O especialista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que falava durante a reunião de peritos que hoje decorre nas instalações do Infarmed, em Lisboa, disse que, sem a vacinação das crianças, que está em análise pela Direção-Geral da Saúde, “haverá um pico inequívoco de casos”.

“Mesmo com pouco mais de 50% das pessoas verdadeiramente defendidas pela sua imunidade, podemos imaginar um inverno no qual a vida se pode aproximar do que a vida era antes e evitar problemas antes da pandemia. Por isso é fundamental a vacinação das crianças. Caso não sejam vacinadas, haverá pico inequívoco de casos”, afirmou.

Sobre o que se pode esperar para o inverno, o especialista estimou que por cada descida de cinco graus nas temperaturas mínimas médias haverá um aumento de 30% nos casos, mas prevê poucos internamentos na vaga que venha a ocorrer nessa altura.

“Considerando o efeito do frio, dos casos que vão permanecer na população e o aumento de casos que possa surgir por introduções de infeção, assumindo que 70% população adulta tem o esquema de vacinação completo, podemos esperar uma nova onda, pequena”, com pouco relevo nos internamentos e nas mortes, disse.

O especialista considerou que o objetivo para o inverno deve ser no sentido de ter “mais do que um [inverno] igual aos anteriores”, pois “todos controlávamos muito mal as infeções respiratórias e as suas consequências nas pessoas mais velhas”.

Henrique Barros sublinhou que a estratégia deve assentar na manutenção das medidas não farmacológicas (mascaras, distância e lavagem de mãos) e defendeu que a vigilância epidemiológica deve ser reestruturada, com maior atenção aos assintomáticos, ao que se passa nos lares – “a vacina não e 100% eficaz” – e especial cuidado com a gripe e as infeções sazonais, que “ficaram modificadas pela nossa mudança comportamental por causa da pandemia”.

O especialista frisou ainda a necessidade de controlar fronteiras e de organizar consultas para responder ao que ficou designado como ‘long covid’, com sintomas da doença a permanecerem durante vários meses em muitos doentes e que pode colocar “uma grande sobrecarga” nos serviços de saúde.

“O próximo inverno não será o inverno do descontentamento, mas poderá ser um inverno feliz”, concluiu.

LUSA/HN

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