Associação de Leiria vai dar apoio psicológico a crianças e jovens vítimas de violência doméstica

28 de Julho 2021

A associação Mulher Século XXI vai ter, a partir do final de setembro, um gabinete de apoio psicológico para crianças e jovens vítimas de violência doméstica, a desenvolver nos municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.

Numa nota de imprensa, a Mulher Século XXI – Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres, com sede em Leiria, explica que o gabinete, denominado Girassol, “prevê respostas de apoio psicológico para crianças e jovens vítimas de violência doméstica”, no qual “serão prestados serviços de apoio psicológico e psicoterapêutico, recorrendo a metodologias de intervenção individual e/ou em grupo e baseadas em abordagens especializadas, através de uma equipa de psicólogos especializada”.

A associação destaca a “abrangência territorial do projeto”, que se irá desenvolver nos 10 municípios da comunidade intermunicipal “em sinergia com outras estruturas de atendimento” da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, como casas de abrigo, serviços de saúde ou comissões de proteção de crianças e jovens.

Esta resposta, criada no âmbito daquela rede, e “seguindo a Estratégia Nacional para a Igualdade e não Discriminação ‘Portugal + Igual’, quer assumir o princípio da territorialização e da promoção de parcerias, ao contemplar a participação direta e articulada das diversas organizações” dos municípios e que intervêm junto de crianças e jovens, adianta.

A presidente da direção da Mulher Século XXI, Susana Pereira, disse hoje à agência Lusa que o Gabinete Girassol foi aprovado no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, com um financiamento de 133 mil euros, para contratação de três psicólogos e apoio nas deslocações. Vai funcionar ao longo de 20 meses.

Susana Pereira acrescentou que no âmbito deste projeto a cidade de Leiria vai ter um gabinete físico, enquanto nos outros municípios vão ser contactados parceiros da rede, para permitir o atendimento presencial das vítimas nesses locais.

A responsável salientou que “este é um momento em que toda a gente, devido à pandemia, necessita de um apoio psicológico muito maior”, notando que “as vítimas de violência doméstica passaram por um período muito mais grave e muito mais silencioso”.

“Mas as crianças também estavam em casa e se, por um lado, estarem em casa serviu, nalguns casos, para conter a agressão, noutros agravou”, declarou, observando que “desde janeiro/fevereiro, quando começou o desconfinamento, a associação teve uma procura imensa”.

“As vítimas puderam começar a vir ter connosco. A associação esteve sempre aberta, mas devido à pandemia não recebíamos vítimas presencialmente, com exceção dos casos mais graves e urgentes”, esclareceu Susana Pereira.

A presidente da associação realçou ainda que o gabinete surge num “momento de extrema importância”, dada a aprovação, este mês, no Parlamento, e por unanimidade, das alterações ao regime jurídico de prevenção da violência doméstica, bem como do Código de Processo Penal, para incluir no estatuto de vítima de violência doméstica.

“É muito importante pelo tratamento que podem receber e apoios que podem ter”, frisou.

A Mulher Século XXI é uma organização não-governamental dos direitos das mulheres, sediada em Leiria, mas de âmbito nacional.

De acordo com informação enviada à Lusa, a associação, que trabalha na área da violência doméstica desde 2007, começou com a resposta centro de atendimento, no qual até julho 2021 foram atendidas cerca de 2.770 vítimas.

“Em 2015, foi possível especializar a resposta da Mulher Século XXI em termos de apoio às pessoas idosas vítimas de violência doméstica através da implementação de uma linha de apoio telefónica gratuita, de âmbito nacional – 800 210 340”, refere.

Já em 2017 foi iniciada a resposta de acolhimento de emergência, na qual foram recebidas 215 mulheres e 159 descendentes menores.

Entre janeiro e junho deste ano, a Mulher Século XXI acolheu 16 crianças e jovens na resposta de acolhimento de emergência, enquanto no centro de atendimento foram acompanhadas 51 crianças e jovens.

A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria integra os Municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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