Segundo a supervisora municipal do programa de nutrição em Benguela, Filomena Manuel, o desmame precoce e uma dieta alimentar desequilibrada estão na base do aumento de casos de crianças desnutridas, com idades até aos cinco anos.
Filomena Manuel, citada pela agência noticiosa angolana, Angop, referiu que nas zonas “A e F”, nos arredores da cidade de Benguela, tem crescido o abandono de crianças, que acabam por cuidar de outros menores, enquanto as suas mães trabalham no campo ou nos mercados informais durante o dia.
A responsável sanitária disse que diariamente chegam aos serviços médicos 400 casos de desnutrição em Benguela, sendo o bairro do Asseque o mais crítico, com altos índices de desnutrição, apesar de ser uma zona favorável à prática da agricultura.
A médica disse que em muitos bairros das zonas “A e F” as equipas de triagem do programa de nutrição têm-se deparado, em média, com mais de 40 casos/dia de desnutrição moderada e severa, incluindo muitas crianças com apenas uma refeição diária.
Segundo Filomena Manuel, as crianças com um ano constituem a faixa etária mais preocupante e propensa à desnutrição.
“Dos cinco aos 14 anos, temos um número muito reduzido, apesar de que também temos visto alguns adultos com desnutrição em Benguela”, disse a responsável, sublinhando que a organização não-governamental sul-africana Joint Aid Management (JAM) tem ajudado, fornecendo soja.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância também tem apoiado e recentemente Benguela recebeu três contentores com produtos para tratar a desnutrição em pacientes no programa ambulatório.
As palestras e campanhas de triagem nas comunidades mais distantes, sem unidades sanitárias, têm sido as apostas para reverter o atual quadro, indicou Filomena Manuel, realçando que todos os casos de desnutrição são encaminhados para a única unidade de referência em Benguela.
Contudo, o Hospital Geral de Benguela está sem capacidade para atender pacientes com desnutrição, disse a supervisora municipal do programa de nutrição em Benguela.
“Cada cama tem duas crianças. É uma situação preocupante”, informou, apontando como solução a abertura em outras unidades sanitárias de mais programas terapêuticos para pacientes em ambulatório, os chamados ‘PTPA’, que já totalizam 27.
“No mês de julho, 492 crianças tiveram alta e estão a ser acompanhadas no quadro deste protocolo”, disse.
Os ‘PTPA’ atendem todas as crianças com desnutrição severa ou moderada, sem critério de internamento, nomeadamente complicações como diarreia ou tosse, enquanto os casos de desnutrição grave são tratados no centro de nutrição de Benguela.
LUSA/HN
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