“A prevalência estimada de Covid-19 em Díli é entre 27,2 e 31,7%. Com base nesta prevalência, estima-se que cerca de 100 mil pessoas em Díli estão atualmente infetadas. Isto representa um risco particular para quem ainda não vacinado”, pode ler-se no boletim epidemiológico semanal.
A análise baseia-se na taxa de positividade, ou seja, no número de casos positivos em percentagem dos testes realizados, e na semana entre 23 e 29 de agosto, foram encontrados 1.777 casos entre 6.061 testes, ou seja, 29,3%, mais do que os 24,7% da semana anterior.
No boletim confirma-se que na semana entre 23 e 29 de agosto houve um total de 2.186 casos no país, o pior registo semanal desde o início da pandemia, correspondendo a 13,3% de todos os casos registados no país até agora.
“A pandemia COVID-19 continua a afetar muitas pessoas em Timor-Leste, com um elevado número de casos graves e mortes na última semana. A maioria dos casos graves e mortes são pessoas que ainda não foram vacinadas”, refere-se no documento.
A análise semanal foi preparada pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a ‘task-force’ para Prevenção e Mitigação da Covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
O Instituto Nacional de Saúde timorense, a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli nos testes à Covid-19, também participam no estudo.
“A situação com a Covid-19 em Timor-Leste é atualmente muito grave. Os números de casos estão a aumentar e a proporção de casos graves também aumentou. O aumento do número de casos graves de Covid-19 coloca uma pressão extrema sobre o sistema de saúde”, nota-se no boletim.
“Uma grande proporção de pessoas em Díli foi infetada com Covid-19 recentemente, e a transmissão está a aumentar também noutros municípios”, considera-se.
Sublinhando a importância da vacinação para reduzir sintomas graves e risco de morte, no boletim sublinha-se que “pessoas não vacinadas têm 10 vezes mais probabilidades de morrer com Covid-19 do que as pessoas que estão totalmente vacinadas”.
Na análise salienta-se que só na última semana se registaram 96 casos de hospitalizações nos centros de isolamento de Vera Cruz, Lahane ou outros hospitais, o que representa “o maior número de casos que foram hospitalizados desde o início da pandemia” em termos semanais.
Durante a semana registaram-se ainda 14 mortos, o que representa 22,5% dos 62 óbitos de pessoas infetadas registados desde o início da pandemia, com a atual taxa de mortalidade por casos cifrada em 0,6%.
No boletim evidencia-se que a situação da pandemia se agravou praticamente em todo o país na semana entre 23 e 29 de agosto, em comparação com a semana anterior, com a incidência a aumentar em todos os municípios – com exceção de Ermera e Manufahi – e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
A nível nacional, a taxa de incidência aumentou de 17,9 para 23,7 casos por 100 mil habitantes, com os valores mais elevados registados em Díli (58), Covalima (26,6) e Baucau (24,3).
No que toca à vacinação, na última semana foram administradas cerca de 55 mil doses, elevando para quase 390 mil as doses administradas desde 29 de julho, com 51,3% da população com mais de 18 anos já com a primeira dose e 25,9% com a vacinação completa.
“Uma dose de vacina AstraZeneca reduz em 71% o risco de hospitalização da doença Covid-19 grave. Duas doses da vacina AstraZeneca reduzem em 92% o risco de hospitalização por doença grave”, considera-se.
Por essa razão defende-se mais urgência no processo de vacinação, especialmente nas zonas com menos cobertura – Ainaro, Aileu, Ermera e Liquiçá –, sublinhando a importância do confinamento obrigatório para reduzir a transmissão.
Timor-Leste tem atualmente um total de 4.554 casos ativos da Covid-19, com um total de 16.402 infeções detetadas desde o início da pandemia e um total de 62 mortos, dos quais 36 (58%) só no mês de agosto.
Os casos detetados em agosto, 5.504, representam 33,6% de todos os casos detetados no país desde o início da pandemia.
LUSA/HN
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