Num comunicado disponível no ‘site’ da associação, a direção pede que o Governo esclareça as suas intenções.
Esta reação surge depois de o ministro Manuel Heitor ter considerado, numa entrevista publicada na quinta-feira no Diário de Notícias, que a formação de um médico de família não precisa de ter a mesma duração que outras especialidades, após ter dito que espera que, até 2023, o país possa ter três novas escolas de Medicina em Aveiro, Vila Real e Évora.
“Tais declarações são profundamente desrespeitosas para com os médicos de família portugueses e surgem em completa contradição com a tendência verificada nas últimas décadas em Portugal”, escreve a APMGF.
Segundo a associação, nos últimos anos a especialidade tem vindo a ser consolidada e está hoje associada “a um rigoroso e elogiado internacionalmente” programa de internato de quatro anos, garante de profissionais altamente competentes e que tem reflexo na elevada procura de médicos portugueses no mercado internacional.
“A medicina geral e familiar deve ser respeitada enquanto especialidade médica autónoma, com aptidões e conhecimentos próprios, com uma abordagem generalista que não a torna menos complexa e exigente do que qualquer outra especialidade médica, antes pelo contrário”, sublinham.
Em entrevista, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou que “para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação, que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais”.
A ideia de encurtar a formação destes profissionais é agora criticada pelos próprios, que consideram que a proposta de Manuel Heitor “um preocupante nível de desconhecimento sobre o panorama da formação clínica em Portugal”, sobretudo da especialidade em causa.
Os representantes dos médicos de família vão mais longe e sublinham que se o Governo pretender seguir essa linha de ação, a APMGF “não pactuará com qualquer tentativa de abreviar e aligeirar a formação dos médicos de família portugueses”.
Por isso, no mesmo comunicado, pedem que o executivo esclarece as suas intenções, defendendo que a adoção daquilo a que chama “uma lógica de formação ‘fast-food’” colocará em causa não só a sua qualidade técnico-científica, como também não será benéfica para atingir o objetivo de atribuir um médico de família a cada português.
LUSA/HN
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