Apresentado pelo Hospital del Mar, pela fundação Amics de L’Hospital del Mar e pela produtora Erika Lust Films, a obra baseia-se na experiência pessoal da realizadora de 31 anos, que redescobriu a sua sexualidade depois de um tratamento que a levou a “quase odiar” o seu corpo, e tenciona promover o debate sobre as repercussões da doença na sexualidade feminina.
“Para muitas mulheres, falar sobre sexo durante o tratamento pode ser difícil porque vemos isso como algo que fazemos apenas para nos divertir, mas a realidade é que sexo pode ser algo muito mais importante. Para mim, era uma necessidade psicológica”, frisou Rebecca Stewart durante a conferência de imprensa.
Diagnosticada com cancro da mama em 2019, a realizadora passou alguns dias inteiros com “agulhas, medicamentos e visitas a hospitais” e teve fases em que não podia tomar banho sozinha, tendo precisado da ajuda do seu parceiro para o fazer, algo que proporcionou momentos de “intimidade” e de “conexão” retratados no filme.
“No início do tratamento eu tinha mais libido porque era uma forma de me lembrar que ainda estava viva (…), mas depois de três ou quatro meses de quimioterapia comecei a notar diferenças físicas na minha sexualidade, secura vaginal e vaginismo. Os médicos sugeriram que isso era normal, mas ninguém falava sobre isso”, salientou.
Recuperada do cancro, a realizadora aproveitou o facto de trabalhar para a Erika Lust Films, produtora que se tem distinguido pelos filmes eróticos feministas, para proporcionar aos espetadores a reflexão sobre o tema.
Já a chefe da secção de oncologia no Hospital del Mar e médica de Rebecca Stewart, Sónia Servitja, afirmou que o “estigma social” relacionado com o sexo faz transparecer que uma paciente de cancro da mama “só tem de lidar com a superação da doença”.
A especialista adiantou que várias pessoas receiam falar de sexo quando lidam com o cancro e esclareceu que nem todos os casos são como o da realizadora de “Wash me”, já que a “recuperação” a nível sexual depende da “pessoa”, da “idade”, da “recuperação da menstruação” ou do facto de o “tratamento” ser hormonal ou não.
“O principal problema do cancro da mama é a diminuição de estrogénios provocada pelo tratamento (…), porque a menopausa precoce tem efeitos na libido, [provoca] secura vaginal e até a elasticidade estrutural vaginal que pode causar vaginismo”, detalhou a médica, defensora da introdução de sexólogos nas unidades oncológicas.
LUSA/HN
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