Técnicos de Saúde da Guiné-Bissau acusam Governo de falta de seriedade nas negociações

15 de Outubro 2021

O presidente do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA), Yoio João Correia, acusou esta sexta-feira o Governo da Guiné-Bissau de falta de seriedade para dialogar exigências para acabar com a greve.

“O Governo criou uma comissão negocial que reúne sem qualquer poder de decisão, portanto, isso demonstra claramente a falta de seriedade deste governo”, afirmou o sindicalista à Lusa.

Para Yoio João Correia, o problema “é sério”, porque afeta “gravemente o setor social” e devia haver um compromisso das pessoas com poder de decisão no Governo para “enfrentar o sindicato nas negociações” para encontrar uma solução.

O sindicalista falava à Lusa sobre o processo da negociação solicitado pelo executivo guineense, bem como dos pontos imediatos que devem ser cumpridos para o levantamento da greve que decorre há cerca de um ano no setor da saúde.

Yoio João Correia defendeu a estabilização de um diálogo franco entre as partes e da criação de uma comissão negocial com pessoas “capazes de tomar decisões e compromissos sérios”.

Questionado sobre as reivindicações que precisam de ser cumpridas para o levantamento da greve, o sindicalista referiu que são a aprovação dos estatutos da carreira dos profissionais de saúde no Conselho de Ministros e a sua consequente promulgação pelo chefe de Estado da Guiné-Bissau.

O sindicato pediu também ao Governo a redução da dívida aos técnicos de saúde, bem como o pagamento dos ordenados de centenas de técnicos recém-colocados.

“Estes são os pontos imediatos para o Governo cumprir e que infelizmente não conseguiu até agora”, explicou.

Sobre as condições de trabalho, disse que o sindicato propõe ao Governo a criação de uma comissão conjunta para fazer um levantamento a nível nacional sobre as reais necessidades dos hospitais.

“Enquanto profissionais de saúde jurámos salvar as vidas, mas também é preciso que haja condições de trabalho. Estamos a trabalhar nos hospitais sem condições técnicas para salvar vidas”, afirmou.

O sindicalista reconheceu que o Governo guineense não está em condições de pagar todas as dívidas de salários com os trabalhadores, por isso disse que a solução apresentada que deveria constar no pré-acordo com o Governo é a reposição dos descontos feitos nos salários dos funcionários públicos e priorizar as dívidas a pagar de imediato e depois calendarizar o pagamento de outras dívidas.

“Este era o entendimento engajado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Depois fomos surpreendidos pela comissão negocial do Governo a dizer que não será possível a reposição dos descontos feitos e que também não está em condições de pagar as dívidas”, disse.

O sindicato até ao momento continua apenas a pedir ao Governo o cumprimento dos pontos imediatos para o levantamento da greve no setor da saúde, insistiu o sindicalista.

LUSA/HN

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