Manuel José Soares, porta-voz da CUSMT, disse à Lusa que essas são algumas das muitas questões colocadas pelos utentes e que voltaram a ser discutidas na reunião realizada ao final do dia de quinta-feira, em Torres Novas (Santarém), com a coordenação do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo.
O abaixo-assinado, que foi colocado em 160 pontos de recolha, onde pode ser subscrito pelos cidadãos, considera “urgente” a colocação de mais recursos humanos (médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e operacionais) nos centros de saúde e hospitais.
Reclama a concretização da há muito prometida criação dos consultórios de dentista nos centros de saúde, pede a recuperação de consultas e cirurgias em atraso nos centros de saúde e hospitais e a reabertura e funcionamento regular das extensões de saúde, salientando Manuel Soares que, no concelho de Vila Nova da Barquinha, estas não funcionam “há 14 meses”.
O texto reivindica, ainda, a requalificação da Urgência da unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) e de outras unidades de saúde e alerta para a necessidade de ser dada “mais atenção à informação/comunicação com utentes e familiares” e para a importância da articulação entre Centros de Saúde, Hospitais e outras unidades de saúde.
Salientando que a preocupação da CUSMT é encontrar “caminhos para resolver” as situações que dificultam o acesso das populações a cuidados de saúde “de qualidade e proximidade”, Manuel Soares frisou a importância dos Conselhos da Comunidade, que integram representantes de todos os órgãos autárquicos, das unidades de saúde e de outras instituições, para uma análise global e a procura de soluções.
No caso do Médio Tejo, o Conselho da Comunidade irá reunir no próximo dia 30, apelando a CUSMT a que haja uma análise “fina” à dificuldade na contratação de recursos humanos, não se ficando pelo argumento salarial, mas percebendo se não existem outros fatores, como as condições de trabalho ou as distâncias em relação às famílias, que pesam na ausência de candidatos aos concursos, disse o porta-voz da comissão.
Por outro lado, a CUSMT defende uma abordagem alargada ao conceito de saúde pública, que considere outros fatores que interferem com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), como acontece com a segurança rodoviária, dando como exemplo dessas implicações o acidente rodoviário ocorrido na madrugada de quinta-feira, em Abrantes, com dois mortos e cinco feridos graves, e que obrigou à mobilização de vários recursos.
Lembrando que os municípios vão assumir, no segundo trimestre de 2022, competências delegadas na área da saúde pública, Manuel Soares apelou a que não sejam descuradas questões como as condições de segurança na circulação.
Segundo a CUSMT, as autarquias podem ainda ter um papel facilitador na acessibilidade à informação, dada a incapacidade que os serviços de saúde têm revelado no atendimento de telefones, o que provoca muitos “transtornos” e afeta aquela que é “a primeira imagem do SNS”.
Salientando que os dados recolhidos junto de utentes revelam elevada satisfação com a relação estabelecida por email, Manuel Soares apelou a que haja maior divulgação dos Balcões SNS 24, que podem ser disponibilizados nas juntas de freguesia para utentes “infoexcluídos”.
Por outro lado, apelou a uma maior atenção à informação e comunicação com familiares e utentes quando estes entram numa unidade de saúde, referindo a enorme dificuldade em ser obtida informação por telefone e sugerindo a existência de uma intermediação por alguém das Relações Públicas, a exemplo do que acontece nas Urgências no Porto.
A CUSMT e o ACES do Médio Tejo têm nova reunião agendada para 07 de dezembro, na qual será, nomeadamente, analisada a informação de que há três médicos a aguardar aposentação e, também, questionado o que se passou com o projeto EVA, em Torres Novas, anunciado no final de maio, e que prometia um médico, um enfermeiro e um farmacêutico para acompanhar a população idosa do concelho com problemas cardiovasculares.
LUSA/HN
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