Rangel diz que Rio continua a querer ser “muleta do PS” e deixou de ter condições para ser primeiro-ministro

13 de Novembro 2021

O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel acusou Rui Rio de querer continuar a ser “muleta do PS” e considerou que o seu opositor interno deixou de ter condições para ser primeiro-ministro.

Em entrevista à edição de hoje do semanário Expresso, disponível na íntegra na sua edição online, Rangel foi confrontado com uma outra entrevista sua de há dois anos em que dizia que Rui Rio tinha condições para ser o próximo primeiro-ministro e foi questionado se “deixou de ter essas condições”.

“Penso que sim. Houve demasiada cooperação, colaboração e tolerância com o PS”, respondeu o eurodeputado.

Paulo Rangel apontou a entrevista que Rio deu esta semana à RTP como exemplo de que o presidente do PSD “diz que continuará disponível para ser a muleta do PS se for necessário”.

“A alternativa a António Costa não pode ser o próprio António Costa, como ele quer: Costa e a geringonça, Costa e o PSD. Não pode ser. António Costa está esgotado, a sua experiência terminou. O que o país precisa neste momento é de um novo impulso, uma transição geracional. É a isso que me proponho. A trazer uma nova equipa, novos rostos”, afirmou.

Sobre o anúncio de Rio de que não faria campanha para se concentrar na oposição ao Governo, Paulo Rangel critica-o por “usar os meios gerais do partido” para fazer campanha “sob a capa de que é presidente do partido”.

“Eu nunca faria isso, e para quem tem a ética como padrão do seu comportamento, o que seria expectável era que se oferecesse aos militantes como candidato. Mas não é por aí que se vai ganhar ou perder as eleições internas”, desdramatiza, dizendo que pelo menos um debate entre os dois “era um ato de respeito pelos militantes”.

À critica de Rui Rio de que não estaria preparado para ser primeiro-ministro, Rangel responde devolvendo-a ao líder da oposição.

“Há uma experiência e um trajeto que falam por mim. O que acho é que não se pode fazer em 15 dias o que não se fez em quatro anos, e é isso que Rui Rio está a tentar fazer. Mostrar que se tem uma oposição credível, com alternativas e que se é capaz de fazer oposição ao PS não pode ser um exercício de 15 dias”, criticou.

Se vencer as eleições internas, Rangel assegurou que “haverá pontes a fazer” com Rui Rio e a sua equipa, dizendo ver qualidades em pessoas que apoiam o atual líder, mas reiterou que a competência de fazer as listas de deputados é do “candidato a primeiro-ministro” que sair das diretas de 27 de novembro.

Na entrevista ao Expresso, Rangel defendeu uma “subida significativa” do Salário Mínimo Nacional, sem quantificar, e “uma política sustentada de redução fiscal”, sobretudo ao nível do IRC, dizendo que poderá ser aprofundada uma diferenciação ao nível do IRS para os mais jovens.

Questionado se o Governo tem margem, com um Orçamento em duodécimos, de anunciar aumentos salariais na função pública, Rangel fala em “eleitoralismo”, aconselhando ao executivo de Costa “o recato próprio de um governo que está em transição”.

“Por exemplo, o acordo de parceria para os próximos fundos não pode ser agora assinado por este governo”, defendeu.

Sobre uma eventual negociação das prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Rangel admitiu que já será difícil fazer ajustamentos, preferindo concentrar-se nos fundos estruturais “que vão até 2027 e que podem ser executados até 2030”.

“Aí sim, daria para corrigir os aspetos mais críticos que o PRR tem”, considerou.

Paulo Rangel apontou a situação da TAP como “um dos dossiês mais difíceis que qualquer novo governo irá herdar, por causa de um erro colossal” do atual Governo, a nacionalização da companhia aérea.

“Vamos ver o que diz Bruxelas, eu estou bastante cético, mas não há dúvida que os contribuintes portugueses estão a pagar um preço brutal para uma solução que vai ser sempre má. Já não há boas soluções neste momento”, considerou.

Questionado se, tal como Rui Rio admitiria deixar cair a TAP, Rangel disse só poder responder depois da decisão de Bruxelas quanto ao plano de reestruturação apresentado.

“Não há dúvida que haverá sempre lugar para uma companhia aérea portuguesa, se é esta ou uma nova não sei (…) Mas vai ser uma das bombas ao retardador que qualquer governo que entrar em funções em fevereiro terá em mãos e terá de evitar que expluda”, alertou.

LUSA/HN

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