Personalidades anti-vacinas convidadas a visitar hospitais

24 de Novembro 2021

Onze médicos russos convidaram celebridades e políticos anti-vacinas a visitarem hospitais que tratam pacientes com Covid-19, para perceberem os efeitos da doença, através de uma carta aberta publicada esta quarta-feira pela agência de notícias estatal TASS.

Na carta, os médicos dirigem-se a uma dezena de figuras públicas russas, que recentemente expressaram as suas opiniões contrárias à vacinação nas redes sociais, onde contam com centenas de milhares de seguidores.

“Estamos todos um pouco ocupados no momento e podem adivinhar porquê”, lê-se na carta assinada, em particular, por Denis Protsenko, médico chefe do principal hospital de Moscovo que trata doentes infetados com o novo coronavírus.

“Mas, como muitas pessoas vos leem e ouvem, encontraremos tempo para vos organizar uma visita às ‘zonas vermelhas’, nos cuidados intensivos e no departamento de patologia”, declaram os médicos.

“Talvez depois disso, vocês mudem de ideias e menos pessoas morram”, sublinham.

A Rússia regista há semanas mais de mil mortes diárias ligadas à Covid-19, num contexto de vacinação lenta da população, que continua muito desconfiada em relação às vacinas.

Apesar dos vários apelos realizados pelo Presidente russo, Vladimir Putin, e da existência de várias vacinas nacionais, até ao momento apenas 37,2% dos russos foram imunizados, de acordo com o portal especializado Gogov.

Entre os destinatários da carta estão a personalidade de televisão e do Instagram Oskar Koutchera, que questionou a eficácia das vacinas; o ator Egor Beroyev, que comparou os certificados de vacinação a estrelas amarelas para judeus no período nazi; e ainda astro do ‘rock’ Konstantine Kintchev, que disse não querer “viver num campo de concentração digital”.

Os médicos também abordaram o líder do Partido Comunista, Guénnadi Ziouganov, de 77 anos, cuja formação política organizou protestos contra a vacinação obrigatória e o certificado de vacinação.

A Rússia tem mais de 9,4 milhões de casos e 267.819 mortes desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais, e é o quinto país mais atingido no mundo pelo SARS-CoV-2.

Segundo a agência de estatísticas Rosstat, que tem uma definição mais ampla de mortes ligadas à doença, o número de vítimas mortais da pandemia terá chegado aos 450 mil no final de setembro.

LUSA/HN

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