Ómicron pode ser responsável por mais de metade de infeções nos próximos meses

2 de Dezembro 2021

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estimou hoje que a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, pode ser responsável por “mais de metade de infeções” nos próximos meses, caracterizando-a como risco elevado.

“As provas atuais sobre a transmissibilidade, gravidade e fuga imune são altamente incertas para a variante de preocupação Ómicron, mas dados preliminares da África do Sul sugerem que pode ter uma vantagem substancial de crescimento sobre a variante Delta e, se for este o caso, a modelização matemática indica que se espera que a Ómicron cause mais de metade de todas as infeções por SARS-CoV-2 na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] dentro dos próximos meses”, indica o ECDC.

Num relatório hoje divulgado, esta agência europeia acrescenta que, “quanto maior for a vantagem de crescimento da Ómicron sobre a Delta e quanto maior for a sua circulação na UE/EEE, menor será o tempo esperado até que cause a maioria de todas as infeções” relacionadas com a covid-19.

De momento, de acordo com dados do ECDC, existem 70 casos confirmados em 13 países da UE/EEE, a maioria dos quais com historial de viagens para países da África Austral, tendo alguns efetuado voos de ligação para outros destinos entre África e a Europa.

Acresce que “vários países europeus já comunicaram transmissões comunitárias ou domésticas subsequentes”, assinala o centro europeu, ressalvando porém que “todos os casos para os quais existe informação disponível sobre a gravidade foram assintomáticos ou ligeiros”, não existindo até à data casos graves ou mortes entre estes casos.

A nível mundial, existem 352 casos confirmados comunicados por 27 países, segundo as informações mais recentes.

No relatório de avaliação de risco publicado hoje, o ECDC conclui que “a presença de mutações múltiplas na proteína de pico na variante de preocupação Ómicron indica uma elevada probabilidade de redução da atividade neutralizadora por anticorpos induzidos por infeção ou vacinação”.

Até porque “dados preliminares sugerem que a Ómicron pode estar associada a um risco acrescido de reinfecção na África do Sul”, assinala.

Salvaguardando que estes dados ainda são preliminares, o ECDC destaca a “incerteza relacionada com a eficácia das vacinas, risco de reinfecções e outras propriedades” desta nova estirpe.

Certo é, para a agência europeia, que a probabilidade de uma maior introdução e propagação comunitária da Ómicron na Europa é alta.

“Com base nas provas limitadas atualmente disponíveis, e considerando o elevado nível de incerteza, o nível global de risco para os países da UE/EEE associado à futura emergência e propagação da Ómicron é avaliado entre elevado a extremamente elevado”, precisa.

Quanto às medidas que os países europeus – sobre os quais recaem as competências na área da saúde – devem adotar, o ECDC sugere uma “abordagem em várias camadas para atrasar a propagação”, que passa por “dar máxima prioridade à vacinação das pessoas […] não vacinadas ou que ainda não estão totalmente vacinadas”, bem como por administrar “doses de reforço a “pessoas com 40 anos ou mais, visando primeiro os mais vulneráveis e os idosos, e depois a todos os adultos com 18 anos ou mais, pelo menos seis meses após a conclusão da série primária”.

Acrescem medidas restritivas como rastreio de contactos, distanciamento físico, ventilação adequada, higiene das mãos e respiratórias e utilização adequada de máscaras faciais.

LUSA/HN

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