Sindicato dos Médicos angolanos reitera manutenção da greve por tempo indeterminado

7 de Dezembro 2021

O presidente do Sindicato dos Médicos de Angola (Sinmea) disse esta terça-feira que se mantém a greve por tempo indeterminado, porque do caderno reivindicativo, apresentado desde setembro passado, “foi tratado quase nada”.

Adriano Manuel, que falava à agência Lusa, referiu que as declarações do secretário de Estado para a Área Hospitalar, Leonardo Europeu, que representa a entidade patronal na mesa das negociações “não são realistas”.

Segundo Leonardo Europeu, o Ministério da Saúde foi surpreendido com o início da greve, esta segunda-feira, quando as partes se encontram na mesa de negociações, estando já atendidos a maioria dos pontos reivindicativos.

“O secretário de Estado não foi realista, ele diz que abordamos até ao sexto ponto, isso não é verdade, porque abordar até ao sexto ponto significa que aceitaram os salários que nós pedimos, aceitou os subsídios que nós pedimos, coisa que não é verdade”, referiu.

O sindicalista salientou que o segundo ponto do caderno reivindicativo não foi totalmente discutido, não foi dado um horizonte temporal para que equipem os hospitais municipais.

“Resumindo, não foi tratado quase nada, nada ficou definido”, disse Adriano Manuel, lembrando que nem em relação ao primeiro ponto, onde se exige a recolocação imediata do presidente do sindicato, nada ficou definido.

Sobre a sua situação, o presidente do Sinmea sublinhou que foram passadas duas guias para a sua recolocação em dois hospitais dependentes do Ministério da Saúde, mas não foi aceite a nulidade do processo disciplinar sobre si.

“Aquilo é uma casaca de bana e nós não podemos aceitar. O Ministério da Saúde não aceitou retirar o processo disciplinar e assim procedendo significa que se eu for trabalhar para um hospital com subordinação direta ao Ministério da Saúde mais um comentário meu como sindicalista eu sou expulso da função pública”, sublinhou.

O caderno reivindicativo apresenta como uma das primeiras exigências, a recolocação imediata de Adriano Manuel e a sua indemnização pelos danos causados pela sua transferência para os Recursos Humanos do Ministério da Saúde e nulidade do processo disciplinar.

O referido processo disciplinar foi movido contra o pediatra por denunciar à imprensa a morte de 19 crianças de um total de 24 no banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, tendo sido transferido para o departamento dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, justificado com a necessidade de mobilidade de quadros.

Segundo Adriano Manuel, foi sugerido um hospital que não tivesse subordinação direta do Ministério da Saúde, mas “eles não querem”.

“Primeiro, é que eles cometeram o erro de me retirar, a lei diz que não posso sair enquanto estiver a exercer a atividade sindical, eles extrapolaram a lei, logo, vão fazer mais, se eu for a um hospital com subordinação direta ao Ministério da Saúde”, ajuntou.

Questionado que argumentos são evocados para não voltar ao Hospital Pediátrico David Bernardino, o sindicalista disse que o Ministério da Saúde alega que a relação entre si o diretor daquela unidade hospitalar não é salutar.

“Eles dizem que não existe relação entre eu o diretor do hospital, como se a instituição fosse o diretor do hospital, então se eu for para um outro hospital em que o diretor não vá com a minha cara também tenho que sair. As instituições não são pessoais”, frisou.

Como sugestões, foram nomeados o Hospital Geral de Luanda ou o Hospital do Talatona, que têm subordinação ao Governo da Província de Luanda.

“A greve continua, vamos continuar a negociar hoje, mas vamos manter o nosso posicionamento, não vamos mudar”, reafirmou.

LUSA/HN

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