As mortes ocorreram na província de Cabo Oriental (sudeste), a região sul-africana que todos os anos por esta altura se converte no epicentro destas práticas.
“As mortes são consequência de ilegalidades (…). Por isso, pedimos aos pais que trabalhem connosco”, explicou à Efe Mamkeli Ngam, porta-voz do Departamento de Assuntos Tradicionais do Cabo Oriental.
Os ritos de iniciação são uma prática tradicional de numerosas comunidades africanas que marca, para os rapazes, a passagem da infância para a idade adulta.
O ritual difere consoante a região, mas normalmente inclui a circuncisão dos adolescentes participantes, que depois devem sobreviver a céu aberto com outros iniciados e com os seus mentores sem atenção médica e apenas com comida e roupa.
A maioria das mortes ocorre por desidratação, devido à crença de que os participantes não devem beber água, e por falta de atenção sanitária.
Na África do Sul, os jovens chegam a passar um mês ao ar livre e a temporada de iniciações ocorre duas vezes por ano, uma no verão e outra no inverno.
As cerimónias praticam-se nas chamadas “escolas de iniciação”, algumas das quais legalmente reconhecidas, outras não, por onde passam milhares de jovens por ano.
Embora as autoridades sul-africanas peçam às famílias que os jovens não participem nestas práticas antes da maioridade, trata-se de um assunto de grande sensibilidade social que fica, em última instância, mas mãos dos líderes tradicionais e das famílias.
Embora estas cerimónias sejam por muitos consideradas parte essencial da cultura africana, as organizações de proteção da infância denunciam o tratamento “desumano” a que muitas vezes os jovens são sujeitos para serem respeitados como adultos na sua comunidade.
Em 2020 os rituais deixaram 14 mortos no mesmo período, o número mais baixo dos últimos anos, mas as autoridades estimam que a pandemia de covid-19 tenha provocado uma redução da participação.
LUSA/HN
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