Londres identifica poluição automóvel como alvo para atingir neutralidade carbónica

18 de Janeiro 2022

Londres identificou a poluição automóvel como um dos principais alvos para atingir a neutralidade carbónica em 2030, pelo que pretende introduzir mais taxas para desencorajar o uso de viaturas na capital britânica, afirmou o Presidente da Câmara Municipal, Sadiq Khan.

Idealmente, a autoridade metropolitana gostaria de introduzir um novo sistema simplificado de tarifação antes do final da década, substituindo as atuais Taxa de Congestionamento [Congestion Charge] e a Zona de Emissões Ultra Baixas [ULEZ].

O novo sistema faria os condutores pagarem por quilómetro conduzido, com tarifas diferentes dependendo do nível de poluição produzido, do nível de congestionamento na área e do acesso a transportes públicos.

Porém, perante a dificuldade tecnológica de implementar já este modelo, Khan está a estudar medidas como introduzir uma “pequena taxa de ar limpo” diária para todos os veículos exceto os elétricos, para reduzir o congestionamento e o número de viagens curtas, e outra taxa para viaturas registadas fora de Londres.

O relatório hoje publicado estima que mais de um terço das viagens de automóvel feitas pelos londrinos podem ser feitas a pé em menos de 25 minutos e dois terços podem feitas de bicicleta em menos de 20 minutos.

Para atingir a neutralidade carbónica em 2030, os autores do estudo estimaram que é necessária uma redução em 27% no número de quilómetros percorridos por automóveis ou carrinhas até 2030.

“Uma das coisas que quero é evitar que uma crise de saúde, a pandemia covid-19, seja substituída por outra crise de saúde de uma má qualidade do ar”, afirmou o político do Partido Trabalhista, numa conferência de imprensa para jornalistas estrangeiros.

Embora nos últimos dois anos o número de londrinos que andam de bicicleta ou a pé tenham aumentado, o uso de transportes públicos caiu acentuadamente e o trânsito automóvel voltou a níveis quase equivalentes aos de antes da pandemia, disse.

“Eu reconheço que algumas pessoas têm que conduzir, se são eletricistas, canalizadores ou taxistas. Queremos aliviar as nossas estradas para esses veículos e para os autocarros”, defendeu.

O ‘Mayor’ de Londres argumentou que esta é sobretudo uma questão de justiça social, porque “são os londrinos mais pobres, os menos propensos a possuir um automóvel, que sofrem as piores consequências da má qualidade do ar, do congestionamento e das alterações climáticas”.

No ano passado, a capital britânica registou temperaturas recorde no verão e inundações súbitas, e a autarquia estima que 25% das estações de comboio, 20% das escolas e quase metade de hospitais, além de centenas de milhares de casas, correm risco no futuro se a crise climática se agravar.

Enquanto presidente do C40, o grupo de 97 cidades em todo o mundo, incluindo Lisboa, Khan considera que vão ser os autarcas os principais a tomar medidas com impacto para combater as alterações climáticas.

“Nós cidades, seja Lisboa ou Londres, estamos a mostrar como estamos tomar medidas corajosas para resolver a questão da qualidade do ar, mas também enfrentar também a emergência climática”, afirmou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Um terço dos portugueses desconhece direito a segunda opinião médica

Trinta por cento dos cidadãos inquiridos num estudo pioneiro não sabem que podem solicitar uma segunda opinião médica. O desconhecimento dos direitos na saúde é particularmente preocupante entre doentes crónicos, que são quem mais necessita de navegar no sistema

Internamentos sociais disparam 83% em dois anos e custam 95 milhões ao SNS

A taxa de internamentos considerados inapropriados – situações que poderiam ser tratadas em ambiente não hospitalar – cresceu quase 20% nos últimos dois anos. Os custos associados a estas permanências dispararam 83%, pressionando a sustentabilidade financeira do sistema de saúde e revelando falhas na articulação com a rede social

Quase 15% dos utentes continuam sem médico de família atribuído no SNS

Apesar de uma ligeira melhoria em 2024, 14,5% dos utentes inscritos nos cuidados de saúde primários continuam sem médico de família atribuído. As assimetrias regionais são gritantes, com Lisboa e Vale do Tejo a concentrar a maior fatia desta carência, levantando sérias questões sobre a equidade no acesso à saúde

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights