Estudo conclui que crianças aprenderam mais palavras durante o confinamento

8 de Fevereiro 2022

As crianças pequenas tiveram mais tempo de ecrã durante o primeiro confinamento devido à pandemia de Covid-19, em março de 2020, mas a sua linguagem não foi prejudicada e até aprenderam mais palavras do que é habitual.

As conclusões são de dois estudos divulgados esta terça-feira que olharam para o tempo de ecrã durante o primeiro confinamento generalizado no início da pandemia e o seu impacto no desenvolvimento do vocabulário de 2.200 crianças entre 8 meses e 3 anos de idade, além de outras atividades desenvolvidas entre os pais e os filhos naquele período.

De maneira geral, as crianças dos 13 países analisados passaram a estar mais tempo em frente a ecrãs durante o confinamento, mas a digitalização das suas atividades não se traduziu negativamente no desenvolvimento da linguagem.

Por outro lado, os resultados dos estudos publicados hoje nas revistas científicas Language Development Research e Scientific Reports mostram que as crianças aprenderam mais palavras do que o expectável durante o confinamento, comparativamente aos níveis pré-pandémicos.

Considerando a conclusão tranquilizadora, os autores justificam esse desenvolvimento sobretudo com outras atividades desenvolvidas pelos pais durante aquele período, e não tanto com o aumento do tempo de ecrã.

Nesse mesmo sentido, os estudos revelam também que as crianças para as quais os pais liam com mais frequência aprenderam mais palavras, comparativamente às crianças que passaram mais tempo em frente a ecrãs.

“Identificar os efeitos das atividades entre pais e crianças no crescimento do vocabulário da criança é significativo, considerando que avaliamos as mudanças nos vocabulários durante um período médio de pouco mais de um mês”, disse, citado em comunicado, Julien Mayor, investigador na Universidade de Oslo, que coordenou o estudo sobre o impacto das atividades relacionadas com o confinamento.

Por outro lado, e sobre a relação entre o confinamento e o desenvolvimento do vocabulário, uma outra investigadora da mesma universidade ressalva que os resultados devem ser entendidos com cautela.

“Devemos ser cautelosos em assumir que isto se aplique durante tempos normais ou confinamentos mais longos, considerando as circunstâncias extraordinárias que as crianças e os pais enfrentaram durante este período”, apontou Natalia Kartushina.

Quanto ao aumento do tempo passado em frente ao ecrã, os investigadores sugerem que faz sentido que assim tenha sido, considerando que as crianças daquela idade não tinham atividades ‘online’, e apontam as circunstâncias excecionais daquele período.

“Muitos cuidadores passaram a estar numa situação nova em que tinham de cuidar e entreter as crianças em casa durante todo o dia sem recurso a outras atividades, além das suas próprias responsabilidades. Permitir que tenham mais tempo de ecrã é uma solução compreensível”, refere Nivedita Mani, investigadora na Universidade de Gotinga, que liderou com o Instituto de psicolinguística Max Planck e a Universidade de Ciências Aplicadas e Artes da Suíça Ocidental o estudo sobre o tempo de ecrã.

O aumento do tempo de ecrã foi maior conforme o tempo de confinamento, em famílias com níveis de educação mais baixos e em famílias em que os próprios pais também passam mais tempo em frente aos ecrãs.

LUSA/HN

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