De acordo com uma análise ao comportamento do setor da leitura, que abrangeu nove países, a Gfk – entidade independente que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano – concluiu que os mercados internacionais do livro recuperaram força com um “crescimento significativo em 2021”.
“Enquanto quase metade dos nove países analisados ainda registaram, em alguns casos, quedas apreciáveis em 2020, os resultados do ano passado foram, sem exceção, positivos com a região belga da Valónia (+19%), Brasil (+18,8%), Portugal (+16,6%), Espanha (+16,3%) e Itália (+14,7%) a registarem taxas de crescimento de dois dígitos”, refere a consultora.
No entanto, e ao contrário dos restantes países, Portugal foi o único que ainda ficou aquém dos números de vendas de 2019, antes da pandemia causada pelo novo coronavírus.
As vendas mais altas desde 2010 foram alcançadas pela Holanda e por Espanha, em que os números corresponderam aos de 2011.
Para tal contribuiu a expansão do comércio ‘online’, a par de abordagens inovadoras utilizadas pelo comércio tradicional de livros, para superar os longos encerramentos de lojas.
A evolução positiva das vendas foi acompanhada por uma subida média dos preços na maioria dos países, devido, em parte, ao aumento geral dos custos.
Contudo, com exceção da Alemanha (+3,8%) e da Holanda (+3,7%) este aumento foi bastante moderado, como se verificou em Espanha e França, por exemplo, onde o preço dos livros aumentou 0,7% e 0,3%, respetivamente. Em Portugal, o preço médio dos livros subiu 1,2.
Brasil, Itália e Valónia foram a grande exceção, com os preços médios a caírem.
Uma “proporção não negligenciável” de aumento das vendas globais no mercado deve-se ao ‘boom’ da banda desenhada, que se mostra “imparável”, de acordo com o estudo.
“Na média dos nove países, as vendas de banda desenhada aumentaram quase metade, atingindo picos em Itália (+98%) e Portugal (+72,7%)”, mas “ainda mais impressionante foi o desempenho de mangas e manhwas, cujas vendas aumentaram em mais de 100% em muitos lugares”.
Dois anos seguidos marcados pela pandemia refletiram-se também na escolha de títulos pelos leitores, tendo-se verificado um importante aumento da procura de guias e de livros de não-ficção sobre saúde, conselhos sobre tópicos relacionados com a vida, psicologia e temas esotéricos.
Em dois terços dos países analisados, os livros infantojuvenis registaram aumentos ainda maiores do que o mercado livreiro no seu conjunto.
Os casos mais significativos são o Brasil, onde o segmento aumentou as suas receitas em mais de um quarto (+25,6%), e Portugal (+21%) e Espanha (+19,4%), em cerca de um quinto cada.
A análise da Gfk baseou-se nos números do mercado físico de livros para 2021, incluindo os ‘eBooks’ (quando disponíveis), fornecidos pela Alemanha, Bélgica (Flandres, Valónia), Brasil, Espanha, França, Holanda, Itália, Portugal e Suíça.
LUSA/HN
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