Hospitais de Coimbra anteciparam-se à norma da DGS

29 de Abril 2022

Os hospitais de Coimbra anteciparam-se à norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) que prevê, a partir de sábado, a desativação das unidades ou serviços hospitalares ‘livres de covid' e as áreas dedicadas a doentes com infeção respiratória.

Em declarações à agência Lusa, o diretor clínico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) disse hoje que, há cerca de quatro semanas, foram criadas condições para que os doentes com teste positivo à covid-19 na unidade de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e de cuidados intensivos cardíacos estivessem em segurança e com circuitos predefinidos.

O objetivo, refere Nuno Devesa, é que os “doentes que tenham determinado tipo de patologias, nomeadamente enfartes, AVC ou outras patologias mais diferenciadas, que precisem de estar internados nessas unidades, não sejam discriminados pelo simples facto de testarem positivo à covid-19” e fossem colocados em enfermarias dedicadas aos infetados com o novo coronavírus.

“Em grande parte das situações, os doentes com AVC que, por acaso, tivessem um teste positivo, iam para as enfermarias só dedicadas para a covid-19 e poderiam não ter os mesmos cuidados que teriam se tivessem numa enfermaria, por exemplo, na unidade de cuidados intensivos cardíacos”, disse o médico.

O diretor clínico do CHUC considera que, com a implementação da norma da DGS, vai diminuir a possibilidade de “o doente não ter o tratamento mais adequado à sua patologia porque, quer se queira ou não, um doente com um enfarte está bem é na cardiologia”.

“E um doente com AVC está bem é na unidade de AVC, independentemente de ser positivo ou não”, enfatizou Nuno Devesa, referindo que os doentes poderiam ser discriminados nos tratamentos por serem portadores do novo coronavírus.

Segundo o médico, o CHUC vai manter uma enfermaria dedicada aos doentes “que tenham uma patologia de covid-19 e sintomas respiratórios”, com 28 camas, e uma unidade de cuidados intensivos dedicada àquela doença, com seis camas.

“Nas outras unidades, demos a indicação para que o doente admitido com urgência ou que no momento em que é rastreado e dá positivo fica no serviço onde está internado”, explicou.

O responsável clínico frisou que as “instituições é que têm de criar dentro dos serviços condições para que seja possível internar esses doentes [com covid-19, mas com patologias mais graves] com o isolamento adequado a cada situação”.

De acordo com Nuno Devesa, à data de hoje, o CHUC tinha quatro doentes internados em cuidados intensivos com covid-19, mas apenas um tinha unicamente complicações pelo novo coronavírus, e 81 em enfermaria, embora a grande maioria sejam doentes com outras patologias.

“A situação está estabilizada. Há cerca de mais ou menos um mês que andamos com cerca de 90 a 100 doentes internados e, neste momento estamos com 85, mas andamos sempre com 90, 92”, disse.

O diretor clínico do CHUC adiantou ainda que a maior parte dos doentes internados com covid-19 são pessoas com mais de 65 anos, mas com um perfil de gravidade diferente do que era há um ano atrás.

As unidades ou serviços hospitalares ‘livres de covid’ e as áreas dedicadas a doentes com infeção respiratória (ADR), criadas no âmbito da pandemia, vão ser desativadas no sábado, segundo uma norma da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS justifica a medida com a evolução favorável da situação epidemiológica e elevada proteção da população conferida pela vacinação contra a covid-19, reduzindo o risco de doença grave, hospitalização e morte por esta doença, mas ressalva que as estruturas podem ser reativadas “caso se antecipe ou verifique agravamento da situação epidemiológica”.

“No atual contexto epidemiológico e de cobertura vacinal contra a covid-19, urge adaptar o modelo de referenciação e circuitos de doentes com suspeita ou confirmação de infeção por SARS-CoV-2, acompanhando a evolução do conhecimento científico”, refere a DGS na norma “Abordagem das Pessoas com Suspeita ou Confirmação de covid-19”, atualizada e publicada no ‘site’ na quinta-feira.

Segundo a autoridade de saúde, é possível progredir num modelo de resposta mais focado na prevenção da doença grave, garantindo a adequação das medidas de saúde pública em simultâneo com a contínua promoção da prestação de cuidados de saúde em todo o espetro da atividade assistencial do Serviço Nacional de Saúde.

LUSA/HN

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