Liga dos Bombeiros alerta para dificuldades financeiras no transporte de doentes

21 de Maio 2022

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) alertou para as dificuldades financeiras das corporações dos bombeiros na área do transporte de doentes, situação que está a agravar-se com o aumento de casos de Covid-19.

Segundo António Nunes, tem aumentado nos últimos dias o número de transportes efetuados pelas corporações de bombeiros para os hospitais com doentes Covid-19, especialmente na região Norte, mas há falta de equipamento de proteção individual, além dos encargos com a desinfeção das ambulâncias.

A estes dois problemas, de acordo com a LBP, acresce ainda o tempo em que as ambulâncias estão atualmente nas urgências dos hospitais com doentes, que chega às seis horas.

“O Ministério da Saúde tem de ter consciência de que a evolução do número de casos de Covid-19 que estão neste momento a ser transportados pelos corpos de bombeiros vai obrigar a que haja um programa especial de apoio para que não ocorra aquilo que aconteceu há dois anos em que houve quase necessidade de implorar essa situação [equipamento de proteção individual]”, disse António Nunes aos jornalistas à margem de uma cerimónia que decorreu no Ministério da Administração Interna.

O presidente da LBP considerou que as entidades da saúde têm de fornecer as corporações de bombeiros com o equipamento de proteção individual ou têm de ressarcir as verbas gastas com esse material, que é diário.

António Nunes recordou que, desde 2012, que o Ministério da Saúde não atualiza os valores gastos pelas corporações dos bombeiros no transporte de doentes não urgentes.

“Há dificuldades sobre as quais temos vindo a insistir junto do Ministério da Saúde de há três meses a esta parte face ao aumento dos combustíveis. Se somarmos agora o aumento dos custos dos materiais, as desinfeções que é preciso fazer e as dificuldades nas urgências de alguns hospitais, em que as ambulâncias aguardam para que sejam entregues os doentes, isto é uma situação complexa”, precisou.

O responsável recordou que “os bombeiros estão presentes, mas têm capacidades limitadas, quer em número de viaturas, quer em número de equipas, quer até nas suas tesourarias”.

“Para se ter um sistema de transportes de doentes, os bombeiros têm de ser ressarcidos das suas despesas. Os bombeiros têm de estar protegidos com equipamentos devidamente distribuídos ou pagos pelo Estado e as urgências hospitalares têm de funcionar”, disse ainda.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Um terço dos portugueses desconhece direito a segunda opinião médica

Trinta por cento dos cidadãos inquiridos num estudo pioneiro não sabem que podem solicitar uma segunda opinião médica. O desconhecimento dos direitos na saúde é particularmente preocupante entre doentes crónicos, que são quem mais necessita de navegar no sistema

Internamentos sociais disparam 83% em dois anos e custam 95 milhões ao SNS

A taxa de internamentos considerados inapropriados – situações que poderiam ser tratadas em ambiente não hospitalar – cresceu quase 20% nos últimos dois anos. Os custos associados a estas permanências dispararam 83%, pressionando a sustentabilidade financeira do sistema de saúde e revelando falhas na articulação com a rede social

Quase 15% dos utentes continuam sem médico de família atribuído no SNS

Apesar de uma ligeira melhoria em 2024, 14,5% dos utentes inscritos nos cuidados de saúde primários continuam sem médico de família atribuído. As assimetrias regionais são gritantes, com Lisboa e Vale do Tejo a concentrar a maior fatia desta carência, levantando sérias questões sobre a equidade no acesso à saúde

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights