Ministério admite que houve “constrangimentos impossíveis de suprir” na obstetrícia no Hospital das Caldas

11 de Junho 2022

O Ministério da Saúde admitiu esta sexta-feira que houve "constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir" e que, por isso, a urgência do Centro Hospitalar do Oeste estava "desviada para outros pontos".

Em resposta a questões da Lusa no seguimento do caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha, o Ministério da Saúde disse ter “conhecimento de que, por constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir, a urgência externa do Centro Hospitalar do Oeste estava desviada para outros pontos da rede do Serviço Nacional de Saúde”.

O Ministério diz estar a “acompanhar o tema, em especial a evolução da situação clínica da utente que está internada no hospital, que se encontra estável e a quem será prestado apoio psicológico”.

Para além de “lamentar profundamente” o sucedido, o Ministério da Saúde afirma que, “tendo em vista o apuramento de toda e qualquer responsabilidade, foi já instaurado um inquérito aos factos pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS)” e conclui que, “na pendência do inquérito, cujos resultados serão tornados públicos, não é possível estabelecer qualquer relação entre os dois factos”.

O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste abriu um inquérito participando à IGAS o caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha.

Em comunicado ontem divulgado, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste esclarece que, na sequência da “ocorrência grave” com uma grávida na quarta-feira “foi aberto um processo de inquérito pelas IGAS, sendo, por isso, prematuro estabelecer qualquer relação de causa-efeito entre o encerramento da urgência obstétrica e o referido episódio”.

Na nota, o Conselho de Administração lamenta “profundamente a morte registada e endereça sentidas condolências a todos os familiares”.

Numa primeira nota, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) confirmou que na passada quinta-feira, a urgência obstétrica do CHO “teve constrangimentos no preenchimento da escala médica, o que determinou o encerramento da referida urgência ao CODU/INEM, após a definição de circuitos de referenciação de doentes com outros Hospitais”.

A unidade hospitalar salienta ainda na nota que “não há nenhum nexo de causalidade estabelecido entre a morte do bebé e as limitações no preenchimento das escalas”.

Na nota, o CHO acrescenta que tem “envidado todos os esforços para contratar profissionais necessários para providenciar a resposta necessária à população”.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmou ontem que a falta de resposta dos serviços de obstetrícia é a “razão de fundo” para o que aconteceu com uma grávida que perdeu o bebé no hospital das Caldas da Rainha.

“Naturalmente que não podemos tirar conclusões antecipadamente, mas há uma razão de fundo” para o que aconteceu, disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, apontando “a falta de resposta” destes serviços como “a principal responsável para que isto possa ter acontecido”.

Jorge Roque da Cunha aludia ao caso que foi noticiado pela RTP de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha.

O grupo parlamentar do PSD questionou ontem a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre as circunstâncias da morte de um bebé, após parto por cesariana, no Hospital das Caldas da Rainha.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o grupo parlamentar diz pretender, também, que Marta Temido diga “que diligências foram espoletadas pela tutela para apurar todas as responsabilidades” e quais as que foram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde para apoiar a família do bebé.

Finalmente, os social-democratas querem saber quando “será reforçado o serviço de obstetrícia do Hospital das Caldas da Rainha, para que não voltem a existir períodos sem assistência médica especializada”.

LUSA/HN

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