Fórum médico considera “inaceitável” contratação de médicos sem especialidade

6 de Julho 2022

Fórum Médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) afirmou esta quarta-feira que a contratação de médicos sem especialidade para substituir os especialistas de MGF no Serviço Nacional de Saúde (SNS) representa “uma grave violação dos valores e princípios da carreira médica”.

Em comunicado, os médicos especialistas mostraram hoje o seu desagrado com a nova lei do Orçamento do Estado para 2022 que prevê a contratação de médicos sem especialidade, tendo sido denunciado que “a Ordem dos Médicos, os Sindicatos Médicos e a APMGF não foram consultados sobre esta medida”.

Aos olhos dos Fórum Médico, esta medida representa um passo atrás na Saúde. “A contratação de médicos sem especialidade (ou com outra especialidade) para desempenhar funções atribuídas a um especialista de MGF é ética e juridicamente questionável. Trata-se de um desrespeito total pela diferenciação e especialização médica e demonstra um desconhecimento atroz dos efeitos desta medida na saúde dos doentes por quem os deveria proteger”, lê-se na nota.

A falta de investimento e atratividade do SNS são apontados como as principais razões para a falta de médicos. O Fórum  defende que “é imperativo proteger a dignidade da profissão e dos doentes”, defendendo que algumas das soluções para a falta de profissionais passam pela “criação de mais USF, o não dificultar a passagem de A a B, além de promover a generalização das USF modelo B, a introdução do trabalho remunerado por objetivos aos colegas UCSP e a valorização dos médicos que trabalham em UCSP”. “São caminhos que decerto garantiriam Médico de Família a todos os portugueses.”

“O Governo tem a obrigação de garantir e de concretizar o direito de acesso de todos os portugueses a um Médico de Família. Estes existem, podem e devem ser contratados. Pelo bem-estar e segurança dos nossos cidadãos, pela dignidade da profissão, não é possível desvalorizar a formação e a carreira médica, colocando médicos sem especialidade nos centros de saúde com uma lista de utentes à sua inteira e total responsabilidade”, defendem.

PR/HN/Vaishaly Camões

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