Segundo o SEP, os enfermeiros lidam com uma carência estrutural de profissionais na área da saúde mental e psiquiatria desde há vários anos, tendo-se agravado nos últimos meses, com a saída de enfermeiros que não foram substituídos.
“Há uma carência estrutural que se agravou nos últimos tempos e há uma clara incapacidade em reter os enfermeiros, até pela recente tentativa de contratação a recibo verde e vínculo precário, que não responde às necessidades, com dez vagas e apenas dois ficaram”, disse à agência Lusa Isabel Barbosa, dirigente sindical que integrou a delegação da Direção Regional de Lisboa do SEP que entregou o documento.
Isabel Barbosa adiantou que esta situação de deve ao facto de a carreira ser “pouco atrativa” porque não valoriza os enfermeiros, além do problema da não contagem de pontos para efeitos de progressão.
“Continuamos com o problema de enfermeiros com 20 anos de exercício na primeira posição remuneratória, o que tem levado à saída de profissionais”, salientou.
Por outro lado, os enfermeiros “estão em exaustão” devido ao avolumar de horas extraordinárias e à acumulação de feriados e folgas de compensação, disse Isabel Barbosa, elucidando que, em 2019, fizeram milhares de horas extras”.
“Temos um serviço de residências que, entre 2020 a 2022, tem cerca de duas 2.600 horas extraordinárias e temos serviços residenciais com um enfermeiro para o turno da tarde e para o turno da noite para 40 utentes. Ora, isto não valoriza os enfermeiros, penaliza e muito, e penaliza os utentes”, vincou a dirigente sindicato.
Questionada sobre o número de enfermeiros que seriam necessários, Isabel Barbosa disse que a última vez que o SEP reuniu com a administração do centro hospitalar, em abril, eram 174 enfermeiros, entretanto, já terão saído mais.
“O mapa de pessoal contempla 192 enfermeiros e estima-se que também não serão o suficiente para prestar cuidados de qualidade. E, portanto, aquilo que dizemos é que falta cerca de 20 para completar o mapa de pessoal e apenas para os serviços mínimos”, frisou
Perante esta situação, Isabel Barbosa defendeu que é preciso valorizar os cuidados de saúde mental e psiquiatria, valorizar o Serviço Nacional de Saúde e o Júlio de Matos em particular, mas isto só acontece contratando mais profissionais e proceder à vinculação efetiva de todos os detentores de contratos com vínculo precário.
LUSA/HN
0 Comments