Segundo a médica Ana Reis, os profissionais de saúde [naquele hospital] vivem “uma situação de grande cansaço”.
“Não temos condições para exercer o trabalho da melhor forma”, afirmou, acrescentando: “Neste momento, estamos a enganar as pessoas”.
Aos jornalistas, acompanhada de outros profissionais, a clínica negou tratar-se de um problema sazonal, lembrando que a insuficiência pessoal nas urgências do Hospital Padre Américo, é um problema antigo e decorre, disse, da subdimensão do serviço face às necessidades.
“Não estão a ser dadas as condições dignas aos doentes”, reforçou a clínica, insistindo que, face à sobrecarga de trabalho, “os profissionais não têm tempo necessário para olhar para os doentes como deve ser”.
No Hospital Padre Américo funciona o único serviço de urgência médico-cirúrgica da região do Tâmega e Sousa.
Aquela unidade, aquando da sua construção, foi dimensionada para servir uma população de cerca de 300 mil habitantes. Contudo, após a constituição do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, conjuntamente com Amarante, o Hospital Padre Américo passou a ter de responder a mais de meio milhão de pessoas. O serviço de urgência do Hospital de São Gonçalo, em Amarante, apenas presta cuidados básicos.
Ana Reis disse ser necessário encontrar uma “solução estruturada para o problema” das urgências hospitalares na região.
Num esclarecimento enviado à Lusa, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) confirmou “a existência de um número elevado de doentes internados na urgência que aguardam cama para a sua adequada colocação”.
Reconheceu-se, também, “todo esforço acrescido e dedicação dos seus profissionais”.
Segundo a administração, “diversas circunstâncias de ocorrência simultânea originaram esta situação.
“Além da enorme afluência aos serviços de urgência, completamente anormal em períodos de verão, houve ainda um evento de temperaturas extremas de todos conhecida e que originou complicações em muitos doentes”, lê-se no comunicado.
Refere-se, por outro lado, que os hospitais privados com os quais o CHTS tem protocoladas camas ao longo do ano, “também não têm conseguido disponibilizar as vagas necessárias”.
Entretanto, uma avaria no equipamento de ressonância magnética do prestador privado com o qual o CHTS tem contrato estabelecido impediu que vários doentes pudessem ter alta após avaliação.
Em relação aos recursos humanos, assinala-se que na área de enfermagem, desde 2016, houve um reforço de 52 para 85 elementos.
Anota-se, por outro lado, que para ontem estava previsto o reinício da atividade da ressonância magnética do prestador privado.
“Espera-se que no dia de amanhã [quarta-feira] a situação seja já substancialmente diferente e com um número bem menor de doentes a aguardar vaga de internamento no serviço de urgência”, conclui-se no comunicado.
LUSA/HN
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