Infeções diversas na mãe; asma, problemas de audição ou visão e, no limite, morte (aborto) do futuro bebé/feto. Estes são os problemas mais frequentemente associados à vacinação das grávidas contra a gripe. O suposto risco acaba, em muitos casos, por levar essas mulheres a preferirem não se proteger contra uma doença bastante contagiosa.
Nos Estados Unidos, um grupo de investigadores realizou uma pesquisa sobre o número de eventos adversos, ou seja, problemas de saúde, ocorridos em mulheres grávidas vacinadas contra o vírus influenza, entre Julho de 2010 e Maio de 2016.
Para tal, analisaram o VAERS – Vaccine Adverse Event Reporting System (Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas), a base de dados de caráter nacional organizada pela Food and Drug Administration (FDA) e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Os dados apenas dizem respeito ao registo de ocorrências negativas, sem o número total de mulheres grávidas vacinadas, o que não permite calcular a percentagem relativamente às inoculações mas somente no universo das que participaram problemas depois da vacinação. Mesmo assim, os números não confirmaram um risco sério para as grávidas e respetivos fetos/bebés: das 671 ocorrências, 9.2 % corresponderam a “eventos sérios”.
Assim, a investigação “Vigilância de eventos adversos após vacinação contra influenza sazonal em mulheres grávidas e seus bebés no sistema de notificação de eventos adversos de vacinas, julho, 2010 – maio, 2016” concluiu que “nenhum padrão novo ou inesperado nos resultados maternos ou fetais foi observado”.
Em 2014, um grupo de 10 investigadores americanos – de quatro diferentes instituições – associaram-se para estudar o mesmo tema, sob a designação “Segurança da vacinação contra a gripe durante a gravidez: uma revisão dos eventos obstétricos maternos subsequentes e resultados de dois estudos de corte recentes”.
Analisaram dois estudos que, entre 2010 e 2011, nos Estados Unidos, envolveram 2257 mulheres grávidas vacinadas contra a gripe, bem como os seus bebés, num período que decorreu até aos seis meses após o parto. A conclusão foi categórica: “Não foram observadas associações entre vacinação contra influenza inativada e diabetes gestacional, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia/eclâmpsia ou corioamnionite em nenhum dos cortes. Quando considerados como um todo, estes estudos devem tranquilizar ainda mais as mulheres e os clínicos de que a vacinação contra a gripe durante a gravidez é segura para as mães.”
Em junho de 2021, foi divulgado o estudo de 11 investigadores – 10 de instituições canadianas e 1 de uma americana – sobre a ”Associação da Vacinação Materna para a Influenza durante a Gravidez com Resultados de Saúde na Primeira Infância”. A investigação teve como objeto todos os nascidos na Nova Escócia (província do Canadá) entre 1 de outubro de 2010 e 31 de março de 2014, sendo observado o seu desenvolvimento até 31 de março de 2016 (os primeiros dois anos de vida de todos). Ao todo, 10.227 crianças que nasceram de mulheres que receberam aquela vacina (36,2% do total).
As taxas de incidência das doenças vigiadas pela investigação nestas crianças não registaram aumentos significativos quando comparadas com as da população em geral (1000 pessoas/ano): por exemplo, na asma infantil o desvio foi de 0.53 pontos percentuais ou nas infeções na primeira infância foi de 5.5 pontos. Nas deficiências sensoriais, a comparação até revela um melhor resultado entre os filhos de grávidas vacinadas (redução de 0.17 pontos percentuais).
Os investigadores concluem assim “que a vacinação materna contra o influenza durante a gravidez não foi significativamente associada a um risco de aumento de resultados adversos de saúde na primeira infância”.
Em suma, a vacina contra a gripe tomada durante a gravidez não implica riscos acrescidos para a saúde da mãe ou do feto/bebé.
Texto publicado ao abrigo da parceria entre a plataforma de Fact Checking Viral-Check e o Heathnews.pt
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