“Os cuidados de saúde primários pioraram ou deixaram de existir em várias freguesias da ilha Terceira. Face a esta realidade, importa questionar se isto não corresponde a uma intenção do governo de acabar com os núcleos de medicina familiar nas freguesias da ilha Terceira”, afirmou a dirigente socialista Marília Vargas, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O PS/Terceira deu como exemplo a redução do horário de consultas dos médicos de Medicina Geral e Familiar em várias freguesias da ilha.
“Vemos, por exemplo, o caso do Porto Judeu, em que havia dois médicos que iam lá, houve uma redução de um médico e o médico [que ficou] reduziu o horário por semana”, avançou Marília Vargas.
“Temos o caso do Posto Santo, que tinha médico de família e perdeu o médico de família; temos o caso de Santa Bárbara em que o médico ia três ou quatro vezes por semana e neste momento está a ir uma vez por semana, e por vezes nem vai”, acrescentou.
A dirigente socialista referiu ainda o caso da freguesia da Terra Chã, que tem “instalações prontas há mais de um ano e equipamento adquirido”, mas “continua sem ter acesso a médico de família”.
Confrontada com o facto de terem existido também falhas nas deslocações de médicos às freguesias no período em que o PS governou a região (durante 24 anos, até novembro de 2020), Marília Vargas disse que “a situação está muito pior do que estava anteriormente”.
Em julho, o secretário regional da Saúde e Desporto dos Açores, Clélio Meneses, revelou que existiam na ilha Terceira, que tem cerca de 53 mil habitantes, perto de 8.000 utentes sem médico de família.
O governante adiantou que tinham sido já contratados três médicos de Medicina Geral e Familiar para a Unidade de Saúde da Ilha Terceira e que estava a decorrer um concurso para a integração de mais seis, mas que até à data tinham surgido apenas três interessados.
Para a dirigente do PS/Terceira, não basta abrir concursos para fixar médicos na ilha, porque “esses concursos ficam desertos”, e os incentivos criados não são suficientes.
“Abrir os concursos não vai resolver a falta de médicos. É preciso fazer um trabalho mais exaustivo, porque os médicos não vão cair do céu, eles não estão a vir para cá. É preciso trabalhar exaustivamente, saber que médicos querem vir para cá, que médicos têm raízes nos Açores, que possam querer vir, que projetos profissionais podem motivá-los”, apontou.
Segundo Marília Vargas, várias instituições têm solicitado reuniões com o secretário regional da Saúde sobre a falta de médicos de família nas freguesias, mas “nunca tiveram resposta”.
A dirigente do PS/Terceira disse que a autarca da freguesia do Porto Judeu (PS) denunciou na rede social Facebook que aguardava “há mais de 20 meses” para se reunir com o governante e que Clélio Meneses reagiu de forma “irritada e desesperada”.
“O secretário regional da Saúde, como não conseguia desmentir a realidade, resolveu desesperadamente atacar e ofender quem se limitou a evidenciar a verdade”, acusou.
“O PS da ilha Terceira não pode aceitar que se tente condicionar a liberdade de expressão, que se ataque ou se tente condicionar sistematicamente quem apenas demonstra corajosamente que a realidade que se vive é muito diferente do que alguns anunciam, quem trabalha apenas para servir a população”, acrescentou.
LUSA/HN
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