Numa aula da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide (Portalegre) até domingo, sobre o tema “A caminho de uma nova Europa”, o eurodeputado e primeiro ‘vice’ social-democrata alertou que Portugal pode estar em “condições mais frágeis” de enfrentar a crise económica e social que se avizinha do que outros países, acusando o atual Governo de “incompetência e imprudência”.
“Os sinais de degradação do Governo são altamente preocupantes”, acusou, dando como primeiro exemplo a situação no setor da saúde.
Para Rangel, um dos principais problemas da saúde portuguesa são as listas de espera. O eurodeputado criticou a resposta de António Costa perante a demissão da ministra da Saúde, Marta Temido, anunciada na segunda-feira, ao dizer que a sua substituição não seria rápida.
“O que faz o primeiro-ministro? Põe o ministro da saúde em lista de espera. As listas de espera da saúde passaram para o Governo, vamos estar 15 dias à espera de um novo ministro. Isto é a degradação política levada ao limite, um primeiro-ministro que não é capaz de nomear um ministro em tempo útil é um primeiro-ministro que está esgotado”, acusou.
O eurodeputado do PSD apontou um segundo exemplo do que considera a degradação do Governo, citando uma notícia do Expresso segundo a qual o ministro das Finanças, Fernando Medina, desistiu de criar o cargo de consultor para o qual tinha nomeado o ex-jornalista Sérgio Figueiredo, que acabou por desistir do lugar devido à polémica pública.
“Qual a autoridade do ministro das Finanças para vir dizer que não há dinheiro, que é preciso cortar aqui ou ali, se ele próprio criou um cargo à medida para alguém que o acompanhou politicamente sempre e que agora afinal não é necessário”, questionou, acusando Medina de não ser “capaz de liderar pelo exemplo” ao promover a “criação artificial” de um cargo.
Paulo Rangel advertiu que, por muito importante que sejam os fundos europeus, “a Europa não virá cá governar por nós”.
“Se o Governo, ao fim de cinco meses de mandato, já está neste estado de degradação e se vamos entrar num período muito exigente para empresas e famílias, nós temos um Governo que está à beira da falência (…) O que me preocupa, neste momento, é que temos um Governo que pôs Portugal em lista de espera”, lamentou.
Na fase de perguntas dos alunos, Rangel voltou a criticar a atuação do Governo no processo de escolha do procurador europeu e a proposta recente do executivo de retirada dos gabinetes nacionais da Interpol e da Europol da alçada da Polícia Judiciária.
“O PS tem tiques de ‘bullying’ ao Estado de direito (…) Se nós somos amantes do Estado de direito, muito cuidado, já no tempo de José Sócrates houve esse bullying e estamos claramente perante um Governo que não tem o apego ao Estado de direito, à independência do poder judicial que devemos ter enquanto democratas e cidadãos”, alertou.
Na sua intervenção inicial, o eurodeputado procurou explicar aos alunos da Universidade de Verão do PSD que a União Europeia (UE) surgiu com o objetivo de garantir a paz e que, perante uma nova guerra no continente, terá de se reorganizar.
“Até janeiro, se me dissessem que a Ucrânia se iria tornar membro da UE, eu diria com toda a certeza categórica que não. Agora, parece-me inevitável que venha a ser membro e, ao contrário do que dizem [o presidente francês] Macron e o seu principal seguidor António Costa, não vai ser uma coisa para 20 anos”, vaticinou.
Paulo Rangel manifestou-se igualmente contra outra proposta de Emmanuel Macron de que seja criada uma comunidade política europeia, onde estariam países que ainda não cumprem os critérios de adesão plena.
“Sobre o futuro político europeu de António Costa, havia muito a dizer aqui, mas não tenho tempo. Apesar de tudo, acho que não tem a probabilidade que em Portugal se dá”, afirmou Rangel, que ofereceu dois livros seus a todos os alunos “para lerem um dia quando não estiverem no tik tok”.
No final, o ex-candidato à liderança do partido – em dezembro do ano passado, tendo perdido para Rui Rio com a mais curta margem de sempre em diretas – foi aplaudido de pé com gritos de “PSD, PSD”.
A 18.ª edição da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação política de jovens que se realiza desde 2003 (com dois anos de paragem em 2020 e 2021 devido à pandemia de covid-19), decorre em Castelo de Vide (Portalegre) desde segunda-feira e até domingo, com o encerramento a cargo do presidente do partido, Luís Montenegro.
LUSA/HN
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