Em declarações à Lusa, André Peralta, gestor nacional do projeto, explicou que em Portugal a amostra abrange 16.000 utentes de 60 Unidades de Saúde Familiares e Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (USCP), uma seleção aleatória feita em conjunto com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
“De cada lista de utentes destas unidades de saúde foram selecionados aleatoriamente 250 utentes que cumpram os critérios definidos”, que são ter mais de 45 anos e ter tido pelo menos um contacto com os cuidados de saúde primários nos últimos seis meses, explicou.
Segundo adiantou à Lusa André Peralta, as perguntas abrangem o estado de saúde do utente, mas serão abordadas dimensões como a saúde mental e a dimensão social da saúde, por exemplo, “se os mais idosos têm ou não uma rede social de apoio”.
“Depois, também serão exploradas as experiências com os serviços de saúde destes utentes, [perguntando] se há facilidade de agendamento das consultas, se esperam muito tempo, quanto tempo dura a consulta, se têm um médico que coordene os seus problemas de saúde ou alguém com quem possam rever a medicação”, exemplificou o especialista em Saúde Pública.
Este trabalho é desenvolvido no âmbito do projeto PaRIS – Estudo Internacional sobre os Resultados e Experiências dos Utentes com os Serviços de Saúde, iniciativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A iniciativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) pretende encontrar uma nova geração de indicadores para medição de resultados em cuidados de saúde primários (CSP), medir os resultados descritos pelos utentes e as experiências relatadas, assim como recolher informações dos prestadores de CSP sobre práticas na prestação e coordenação de serviços de saúde, que podem depois ser comparadas entre os países participantes.
“Pretende-se que o PaRIS seja para a Saúde aquilo que o PISA é para a Educação”, considerou André Peralta.
Em Portugal, para além da DGS, estão envolvidos neste projeto os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a ACSS e a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade NOVA de Lisboa (parceiro académico).
O projeto tem duas estruturas de apoio, pontos focais regionais (administrações regionais de saúde) e grupos consultivos constituídos por ordens profissionais (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, dentistas e psicólogos), associações de profissionais de saúde – Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Associação Nacional de Farmácias e Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar – e associações de doentes.
“Vai permitir perceber como as diferentes unidades de saúde estão organizadas (…) e como os doentes percecionam este tipo de organização. Como é um estudo internacional, permite comparar a satisfação dos doentes portugueses com a satisfação de doentes dos restantes países que participam”, concluiu o especialista.
A maioria dos 21 países participantes são da União Europeia – como Espanha, Itália, Alemanha, França, Bélgica, Roménia ou Grécia -, mas também inclui outros países da OCDE como a Austrália, Israel, Reino Unido, Suíça, Canadá e Estados Unidos da América.
Segundo André Peralta, a intenção deste estudo é “perceber como é que os países prestam os cuidados, se as pessoas estão satisfeitas ou não e, depois, tentar melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados”.
A segunda fase do estudo decorrerá de abril a setembro de 2023 e os resultados serão divulgados em 2024, numa reunião de ministros da Saúde.
NR/HN/LUSA
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