Investigação estuda diferenças entre sexos na insuficiência cardíaca

29 de Setembro 2022

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai estudar as diferenças entre sexos na insuficiência cardíaca, um projeto de 18 meses com o objetivo melhorar e personalizar a terapêutica, foi hoje revelado.

No dia em que se assinala o Dia Mundial do Coração, a FMUP avançou à agência Lusa que este projeto terá início no próximo ano, contando com um investimento próximo dos 50 mil euros.

Em causa está estudar as células cardíacas de homens e de mulheres, com o objetivo de identificar os mecanismos biológicos específicos de cada sexo que se associam à disfunção endotelial e a doenças cardiovasculares, doenças essas que têm preocupado os especialistas por estarem “cada vez mais prevalentes na população portuguesa”, dizem.

“Uma melhor compreensão dos mecanismos moleculares e celulares associados à disfunção endotelial é de suma importância, pois pode fornecer pistas fundamentais para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes”, afirma a equipa liderada pela investigadora da FMUP e da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular (UnIC), Rita Ferreira, citada em comunicado.

De acordo com a FMUP, a equipa de investigadores irá incidir sobre os mecanismos celulares e moleculares que estarão na génese de um tipo de insuficiência cardíaca que é mais prevalente em mulheres (cerca de 60%), principalmente na pós-menopausa.

“Até agora, as razões para essa predominância são pouco compreendidas, havendo estudos que apontam para o papel das hormonas sexuais”, lê-se na informação remetida à Lusa.

O projeto chama-se “Impacto do sexo na (dis)função endotelial para o tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada”.

O objetivo é estudar células endoteliais microvasculares cardíacas provenientes de homens e de mulheres.

Serão avaliadas a função celular, mediadores associados ao stress oxidativo e à via do óxido nítrico, recetores de hormonas sexuais e suas vias de sinalização, utilizando técnicas de imunodeteção, e será realizada análise do proteoma.

Segundo avança a FMUP, com este estudo, é expectável que seja possível “identificar alvos moleculares para melhorar o tratamento deste tipo de insuficiência cardíaca, através de uma estratégia terapêutica personalizada”.

Este trabalho enquadra-se no âmbito do novo Laboratório Associado RISE – Rede de Investigação em Saúde: do Laboratório à Saúde Comunitária.

É um projeto financiado ao abrigo do último concurso de projetos de I&D em Todos os Domínios Científicos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Marina Dias Neto, Raquel Costa, Francisco Vasques Nóvoa, João Sérgio Neves, António Barros, Fábio Sousa Nunes, Ricardo Fontes de Carvalho e Adelino Leite Moreira são os nomes dos investigadores envolvidos.

Já os hospitais envolvidos pertencem ao Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, e ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

LUSA/HN

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