Cientistas de Coimbra estudam novas formas de tratar o traumatismo cranioencefálico

13 de Outubro 2022

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) está a investigar novas abordagens terapêuticas para o tratamento do traumatismo cranioencefálico, uma lesão no tecido do cérebro que incapacita a função cerebral.

Este estudo em curso visa “encontrar novas respostas para combater os efeitos secundários deste traumatismo”, bem como “prevenir as alterações causadas por um trauma, como mudanças comportamentais (perdas de memória, alterações de humor, dificuldades de aprendizagem e concentração) e cerebrais (nomeadamente, perda de massa branca e diminuição de volume)”, referiu a UC numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A investigação pretende vir a identificar terapias mais eficazes, dado que “um dos grandes problemas do traumatismo cranioencefálico é a falta de uma terapia eficaz e direcionada contra os seus efeitos negativos”, disse, citado na mesma nota, o investigador do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB) da Universidade de Coimbra e investigador responsável do projeto “Infiltração de neutrófilos através da barreira hemato-encefálica no traumatismo crânio-encefálico: papel da CXCL8”, Ricardo Leitão.

“As terapias usadas na atualidade focam-se em tratar os efeitos secundários do trauma (como o edema, a inflamação, as convulsões, e o aumento da pressão intracraniana), mas, apesar destas terapias diminuírem os efeitos pós-trauma, e consequentemente melhorarem a vida de doentes após saída do hospital, alguns pacientes desenvolvem consequências comportamentais e alterações cerebrais significativas, meses ou anos após o evento traumático”, explicou.

De acordo com o cientista, na Europa, este traumatismo conta anualmente com “2,5 milhões de novos casos e resulta em cerca 100.000 mortes por ano”.

Estes números têm um “grande impacto socioeconómico” e afetam não só aqueles que sofrem o trauma, como também os “cuidadores e as pessoas que rodeiam quem é diagnosticado com esta patologia”.

A fim de encontrar novas terapêuticas, os cientistas vão usar modelos de culturas celulares para testar e avaliar a forma e os mecanismos usados pelos neutrófilos (células que integram o sistema imunológico, que têm um papel determinante na defesa do corpo contra focos inflamatórios e infecciosos) para migrarem da corrente sanguínea para o cérebro.

Simultaneamente, vai ser estudado o papel de uma proteína que está envolvida neste processo de invasão dos neutrófilos, já que “tem sido associada a um pior prognóstico e/ou a maior probabilidade de morte após um traumatismo cranioencefálico”.

A investigação é financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Fazem parte da equipa as investigadoras e docentes da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) Ana Paula Silva, Ana Raquel Santiago e Inês Baldeiras, a investigadora do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia da Universidade de Coimbra e do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR), Mónica Zuzarte, e ainda a estudante de doutoramento da FMUC, Maria João Leitão.

Conta ainda com a colaboração de dois neurocirurgiões do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), José Luís Alves (coinvestigador responsável pelo projeto) e Marcos Barbosa, também professores da Faculdade de Medicina da UC.

LUSA/HN

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