“Nós vamos de boa-fé. Esperemos que [haja a mesma postura] do outro lado e, de acordo com aquilo que está definido no protocolo negocial, cheguemos a bom porto – além de um bom princípio, que cheguemos a um bom fim. É com esse espírito que avançamos, com espírito aberto, de negociação”, assumiu Noel Carrilho.
Da reunião agendada para 09 de novembro, no Ministério da Saúde, o presidente da federação (FNAM) disse esperar “que não seja necessário o que tem sido necessário todos estes anos, de medidas reivindicativas”, já que se pretende “negociar algo que seja consequente para os médicos e para o SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.
O presidente da FNAM falava aos jornalistas no final do congresso nacional da organização, que teve início no sábado, em Viseu, com a participação de cerca de 90 delegados, e onde ficou definida a realização do conselho nacional, “ainda este ano”, para a eleição da nova comissão executiva.
“Temos muitíssimas propostas, infelizmente muitas delas transitarão do anterior figurino para este, porque nada tem sido feito, essa é que é a verdade. Temos de melhorar as condições de trabalho e, à cabeça, temos de falar das condições remuneratórias, porque essas são essenciais”, apontou.
Noel Carrilho, que também preside ao Sindicato dos Médicos do Centro, indicou que há também as “condições de descanso, condições de regimes de trabalho, de oportunidade de dedicação exclusiva”, ou seja, “variadíssimas propostas, que estão em cima da mesa”.
Na mesa de trabalho a FNAM espera encontrar do lado do Governo “o mesmo espírito aberto” e, “acima de tudo, iniciativa e peso político”, para que “possa haver investimento nesta área e deixe de existir esta situação lamentável de défice e até de rotura do SNS”.
Questionado sobre o orçamento previsto para o SNS, que o ministro da tutela, Manuel Pizarro, apresentou no sábado em Viseu, Noel Carrilho disse que, “fazendo as contas, para aquilo que são os recursos humanos”, o aumento anunciado está “abaixo daquilo que era necessário apenas para compensar a perda do poder de compra”.
“Aquilo que é proposto para os profissionais de saúde, médicos inclusive, é que continuem a perder poder de compra, que é o que tem acontecido nos últimos anos, portanto, não se pode esperar satisfação, não se pode falar em menos do que suborçamentação”, considerou.
Ou seja, no seu entender, “independentemente dos números que se aventem, o que acontece é que as condições de trabalho que são propostas para os médicos do SNS não são as adequadas para os manter dentro do SNS, onde fazem tanta falta”.
Neste sentido, Noel Carrilho assumiu que “é inevitável um êxodo provocado – é um convite à saída dos médicos, que acontece todos os anos”, do SNS para o sistema privado da Saúde.
“Todos os anos temos médicos formados no SNS, novos médicos que recusam às centenas as condições que lhes são propostas porque são condições que não são adequadas. Sabendo o Governo que essas condições não são adequadas e não oferecendo outras, é complacente, é conivente com essa situação e é isso que é necessário mudar”, defendeu.
LUSA/HN
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