“Aproveito para dizer, aqui em público porque é a primeira vez que tenho oportunidade de falar para administradores hospitalares, que é o momento para que abandonemos a nossa queixa habitual e justificada sobre suborçamentação e subfinanciamento para nos dedicarmos à atividade muito necessária de revisitar, um por um, os custos em que estamos a incorrer e saber se não há oportunidade para negociar melhor”, disse Manuel Pizarro.
No Porto, onde visitou o Instituto Português de Oncologia (IPO), Manuel Pizarro falou do Orçamento do Estado (OE) de 2023 para a área da saúde, considerando que esse é um orçamento que “permite ter esperança e confiança, mas é também muito exigente”.
O ministro da saúde dirigiu-se aos administradores hospitalares presentes na sala e foi claro no recado: “Temos de ser capazes de negociar com maior eficácia”.
“Como ministro da saúde e como médico acredito que em muitos casos temos de pagar tratamentos muito avultados e muito caros, mas sempre me espanta como cidadão que a saúde seja o único caso em que comprando 100, 1.000, 5.000 ou 10.000 se paga sempre o mesmo preço unitário”, referiu.
Manuel Pizarro referiu que este lhe parece “um capitalismo muito estranho” que “não é normal nem aceitável”.
“Acho que temos de romper com essa tradição e ser capazes de, em nome do Estado, negociar com maior eficácia a forma como fazemos as nossas aquisições”, frisou.
Salvaguardando que “não está em causa privar os doentes do tratamento melhor possível”, o governante sublinhou que pode estar em causa a sustentabilidade e o futuro.
No Porto, no IPO, Manuel Pizarro presidiu à cerimónia de apresentação da equipa diretiva do novo Conselho de Administração para o mandato 2022/2024, numa manhã na qual também foi apresentado o projeto da expansão da Unidade de Investigação de Ensaios Clínicos de Fase Precoce desta unidade de saúde.
Já à margem da visita, em declarações aos jornalistas, Manuel Pizarro voltou a este tema afirmando que “é muito difícil ser administrador hospitalar”, mas que com um OE que para a saúde terá mais dinheiro todos terão “mais responsabilidade”.
“Nos últimos anos, por várias razões – e a pandemia covid-19 também conta para essas razões –, tem sido muito difícil ser administrador hospitalar no nosso país porque a autonomia as instituições tem sido inferior aquela que é desejada e o orçamento inicial também”, referiu.
Pizarro disse que com o OE de 2023 se conseguirão “orçamentos equilibrados para os hospitais”.
“E vamos conseguir – porque essa é uma determinação do estatuto do SNS a que a direção executiva vai dar integral cumprimento – recuperar a autonomia de gestão dos hospitais. Melhor orçamento e maior autonomia também significa mais responsabilidade”, concluiu.
LUSA/HN
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