Em resposta à polémica sobre o uso do semaglutido para a perda de peso, Mafalda Marcelino, explica ao HealthNews que o “este fármaco, em termos de princípio ativo, também está indicado para o tratamento da perda de peso. A questão aqui é que na dose que está disponível em Portugal está apenas definida para o tratamento da diabetes. Para a obesidade, a dose é superior.”
“Quando falam em off label, é um off label no sentido em que a dose está unicamente definida para o tratamento da diabetes. É uma diferença muito importante”, esclarece a endocrinologista.
A especialista considera, por isso, que, enquanto houver restrições no acesso ao medicamento semaglutido pela quantidade disponível, devem ser privilegiados os doentes com o diagnóstico de diabetes.
“Cada vez que prescrevemos o medicamento a um doente que não é diabético estamos, de facto, a contornar o sistema. Ainda que clinicamente não esteja ‘errado’, porque sabemos que o medicamento é eficaz na perda de peso, estamos a contornar as regras. Isso é muito grave porque estamos a impedir o acesso às pessoas com diabetes”, frisa Mafalda Macelino.
A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia pediu recentemente regras para selecionar os doentes elegíveis para o medicamento aprovado para a diabetes e também usado na perda de peso, para definir os médicos que podem prescrever e os níveis de comparticipação.
“É preciso definir os médicos que podem prescrever o medicamento e os níveis de comparticipação. Tem que haver, por outro lado, fiscalização. São as autoridades competentes que devem fazer esse controlo. Quando chega uma receita à farmácia, tem que existir um mecanismo de controlo que assegure que a receita foi passada para um doente que é diabético”, diz a Secretária Geral da SPEDM.
“O que está a acontecer é que as prescrições estão a ser assumidas como doente diabético”.
Na orientação divulgada esta terça-feira, a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do Infarmed considera que a prescrição deste medicamento deve ter em conta, “não apenas os ganhos em saúde para o cidadão individual, mas a saúde global da população, observando-se os princípios éticos de justiça na distribuição dos recursos aos que mais deles necessitam”.
HN/Vaishaly Camões
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