Especialista apela a uma maior fiscalização na prescrição do medicamento da diabetes

26 de Outubro 2022

A endocrinologista e Secretária Geral da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) alertou esta quarta-feira para uma maior fiscalização na prescrição do medicamento semaglutido.

Em resposta à polémica sobre o uso do semaglutido para a perda de peso, Mafalda Marcelino, explica ao HealthNews que o “este fármaco, em termos de princípio ativo, também está indicado para o tratamento da perda de peso. A questão aqui é que na dose que está disponível em Portugal está apenas definida para o tratamento da diabetes. Para a obesidade, a dose é superior.”

“Quando falam em off label, é um off label no sentido em que a dose está unicamente definida para o tratamento da diabetes. É uma diferença muito importante”, esclarece a endocrinologista.

A especialista considera, por isso, que, enquanto houver restrições no acesso ao medicamento semaglutido pela quantidade disponível, devem ser privilegiados os doentes com o diagnóstico de diabetes.

“Cada vez que prescrevemos o medicamento a um doente que não é diabético estamos, de facto, a contornar o sistema. Ainda que clinicamente não esteja ‘errado’, porque sabemos que o medicamento é eficaz na perda de peso, estamos a contornar as regras. Isso é muito grave porque estamos a impedir o acesso às pessoas com diabetes”, frisa Mafalda Macelino.

A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia pediu recentemente regras para selecionar os doentes elegíveis para o medicamento aprovado para a diabetes e também usado na perda de peso, para definir os médicos que podem prescrever e os níveis de comparticipação.

“É preciso definir os médicos que podem prescrever o medicamento e os níveis de comparticipação. Tem que haver, por outro lado, fiscalização. São as autoridades competentes que devem fazer esse controlo. Quando chega uma receita à farmácia, tem que existir um mecanismo de controlo que assegure que a receita foi passada para um doente que é diabético”, diz a Secretária Geral da SPEDM.

“O que está a acontecer é que as prescrições estão a ser assumidas como doente diabético”.

Na orientação divulgada esta terça-feira, a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do Infarmed considera que a prescrição deste medicamento deve ter em conta, “não apenas os ganhos em saúde para o cidadão individual, mas a saúde global da população, observando-se os princípios éticos de justiça na distribuição dos recursos aos que mais deles necessitam”.

HN/Vaishaly Camões

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Abertas candidaturas para o Prémio Grünenthal Dor 2023

A Fundação Grünenthal premeia anualmente trabalhos de investigação clínica ou básica, a quem atribui um prémio no valor de 7500 euros. O período de apresentação de candidaturas decorrerá até 30 de maio de 2024.

ULSVDL adota solução inovadora para gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

No âmbito da candidatura ao Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) “DIR@2020 – Desmaterializar, Integrar e Robotizar”, a Unidade de Reprocessamento de Dispositivos Médicos (URDM) da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) deu um passo importante para otimizar os seus processos, ao implementar uma solução de gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights