Segundo Stéphane Dujarric, António Guterres está empenhado em “consultas intensas” para que a Rússia reverta a decisão de suspender o acordo, que é vital para o aprovisionamento alimentar mundial, pelo que decidiu adiar, por um dia, a partida para participar numa reunião da Liga Árabe, em Argel, na terça-feira.
De acordo com o comunicado, o secretário-geral continua a trabalhar “na renovação do acordo e na sua plena implementação”, para “facilitar a exportação de alimentos e fertilizantes da Ucrânia, bem como a eliminação dos obstáculos que ainda subsistem na exportação de produtos russos”.
Hoje, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, conversou com Guterres, para “coordenar ações para garantir a exportação de cereais e fertilizantes da Ucrânia”.
Na rede social Twitter, Josep Borrell pediu para que Moscovo regresse ao acordo que permite a exportação de cereais ucranianos.
“A União Europeia fará a sua parte para conter a crise alimentar global”, assegurou o chefe da diplomacia europeia.
Já o comissário europeu do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevicius, considerou que a Rússia “encontra” a razão para bloquear o pacto, numa referência ao ataque contra Sebastopol que Moscovo apresentou como argumento para supender o convénio.
“Mais uma prova de quem é realmente responsável pela crise alimentar nos países em desenvolvimento. A Rússia pode e deve acabar com estes ‘jogos da fome’ com as vidas de milhões de pessoas”, acrescentou o comissário.
A Rússia anunciou, no sábado, a suspensão da sua participação no acordo sobre as exportações de cereais dos portos ucranianos após um ataque de ‘drones’ (aeronaves não tripuladas e controladas remotamente) que visou a frota russa estacionada na baía de Sebastopol, na Crimeia anexada.
O acordo, concluído em julho sob a égide da ONU e da Turquia, permitiu a exportação de vários milhões de toneladas de cereais retidos nos portos ucranianos desde a invasão russa em fevereiro, o que fez com que os preços dos alimentos disparassem, aumentando o receio da fome.
O Presidente russo, Vladimir Putin, subiu o tom das críticas ao acordo, apontando que as exportações da Rússia, outro grande produtor de cereais, estavam a ser prejudicadas pelas sanções.
A Crimeia, anexada em março de 2014 pela Rússia após uma intervenção das suas forças especiais e de um referendo denunciado por Kiev e pelo Ocidente, serve como quartel-general da frota russa do mar Negro e como base logística de retaguarda para a ofensiva russa na Ucrânia.
NR/HN/LUSA
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