Sindicato diz que ministério não está interessado em resolver os problemas dos farmacêuticos

15 de Novembro 2022

O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) inicia esta terça-feira uma nova fase de greve dos profissionais do SNS. "Nestas três semanas de intervalo não existiu nenhum contacto por parte do Ministério da Saúde", acusa o dirigente Henrique Reguengo. Melhores condições de trabalho, perspetivas de progressão na carreira e melhores salários são as principais exigências dos farmacêuticos. 

Nos dias 15 e 16 de outubro realizou-se a primeira paralização dos farmacêuticos. Nunca na história da profissão se tinha concretizado uma paralisação global do quadro de farmacêuticos do SNS.

Apesar de ter sido registada uma adesão que rondou os 93%, o SNF diz que, passadas três semanas, “não existiu nenhum contacto por parte do Ministério da Saúde que permitisse estabelecer o diálogo para resolver os problemas” que afetam a profissão.

Henrique Reguengo sublinha que os motivos da greve, que hoje se inicia e prolonga até esta quarta-feira, “são exatamente os mesmos que justificaram a primeira” paralização.

“Obviamente que as razões continuam e aparentemente o Governo não está muito disponível para alterar esta situação. É algo que nos surpreende, pois neste momento estão a decorrer negociações com os sindicatos médicos e de enfermagem”, diz à HealthNews o dirigente sindical.

O responsável lamenta a falta de abertura para as negociações por parte do Governo. “Tivermos reuniões inclusive com a antiga Secretária de Estado, Fátima Fonseca, em que a mesma admitiu que havia problemas na área farmacêutica… Que eu saiba esses problemas foram transmitidos à nova equipa governamental, mas até agora efetivamente nada se passou.”

Reguengo disse estar surpreendido com a postura do novo ministério “depois de uma greve que teve mais de 90% de adesão”.

Os farmacêuticos exigem melhores condições de trabalho, melhores salários e a negociação da carreira. “Há carência enorme de recursos humanos. Há um estudo independente que aponta para 25% de carência de farmacêuticos no SNS. Isto faz com que os colegas que estão a exercer funções estejam continuamente em esforço e com uma carga de trabalho que pode ser indutora de erros.”

“Temos colegas com 25 ou trinta anos a trabalhar no SNS, mas que estão colocados na base da carreira. Para agravar esta situação temos ainda uma tabela remuneratória de 1999. Quando dizemos que é do século passado não estamos a falar em nenhuma figura de estilo, é a realidade do nosso país”, sublinha o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos.

Numa altura em que se discute o Orçamento de Estado para 2023, Henrique Reguengo critica o “esquecimento” dos profissionais. “Está a ser discutido o Orçamento de Estado para 2023 e a palavra farmacêutico não parece nenhuma vez no diploma. Não há nenhuma proposta de alteração ao documento que já foi apresentado e que permita entrever o começo de uma mudança para a situação dos farmacêuticos no SNS.”

O sindicato prevê que esta segunda fase conte com uma adesão igual ou superior à anterior.

HN/Vaishaly Camões

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