A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Migrantes Indonésios vai participar na quinta assembleia-geral da Aliança Internacional de Migrantes, na capital da Tailândia, Banguecoque, e depois irá visitar a família.
Tal como a esmagadora maioria dos mais de 45 mil trabalhadores estrangeiros, Yosa Wari Yanti não saiu de Macau desde antes do início da pandemia de covid-19. “A última vez que estive na Indonésia foi em julho de 2019”, disse à Lusa.
Macau fechou as fronteiras a estrangeiros sem estatuto de residente em março de 2020, restrições que só foram levantadas para trabalhadores vindos das Filipinas, em abril, e mais tarde para os oriundos da Indonésia.
“Primeiro, se fossemos não poderíamos regressar [a Macau]. Depois, podíamos voltar, mas a quarentena era muito longa, 21 dias, e muito cara”, sublinhou Yosa.
Com a quarentena obrigatória reduzida, desde 12 de novembro, para cinco dias num hotel e três dias em casa, “há muita gente a querer ir a casa”, confirmou a dirigente. “Todos temos saudades e todos temos problemas”, acrescentou.
Yosa tem dois filhos, de 18 e 21 anos, e a relação, já complicada antes da pandemia, piorou em 2021, quando ela não pôde cumprir a promessa de estar presente da cerimónia de graduação do filho mais novo.
A dirigente espera que a visita à Indonésia ajude a sarar as feridas. “Se eles me perdoarem, porque eu também passei por momentos difíceis”, acrescentou.
No primeiro ano da pandemia de covid-19, houve um grande aumento nas doenças mentais dentro da comunidade, confirmou Yosa.
Em 2021, com a crise económica a agravar-se em Macau, surgiram os problemas financeiros que, aliados à distância e à incerteza sobre um eventual regresso a casa, levaram à separação ou divórcio de muitos casais, disse a ativista.
“Alguns [familiares] não entendem que, quando a situação está difícil aqui, nós não recebemos o salário e não podemos mandar dinheiro para casa”, lamentou a indonésia. “Nós dizemos que somos um multibanco”, acrescentou, com um sorriso amargo.
Durante um período de confinamento parcial, imposto em julho devido ao pior surto de covid-19 desde o início da pandemia, as autoridades indicaram que os empregadores não tinham de remunerar os trabalhadores, obrigados a permanecer em casa.
Na altura associações disseram à Lusa que havia trabalhadores imigrantes com graves carências de bens de primeira necessidade e que estavam a sobreviver apenas da doação de alimentos.
“Na nossa cultura, não queremos ser um peso para a nossa família. Mesmo que estejamos doentes, desempregados, dizemos sempre que estamos bem. E enviamos sempre dinheiro e alguns até pedem emprestado a agiotas”, revelou Yosa.
LUSA/HN
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