Número de pessoas a fazer profilaxia pré-exposição ao VIH aumentou mas ainda é insuficiente

30 de Novembro 2022

O número de pessoas a fazer profilaxia pré-exposição da infeção por VIH (PrEP) aumentou 26% em 2020 face ao ano anterior, um número que as autoridades reconhecem ainda ser insuficiente, segundo um relatório esta terça-feira divulgado.

Em 2020, 1.586 pessoas estavam a fazer PrEP, uma forma eficaz de prevenir a infeção pelo VIH, através da toma de dois medicamentos, das quais 786 pela primeira vez na vida, revela o “Relatório Infeção por VIH em Portugal – 2022” apresentado publicamente pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

A população abrangida apresentou características idênticas às observadas nos utentes em 2019, ano em que 1.252 receberam PrEP pelo menos uma vez na vida, sendo maioritariamente do sexo masculino (96%), homens que têm sexo com homens (51%), migrantes (11%) e trabalhadoras e trabalhadores do sexo (2,5%).

As autoridades consideram que o número de pessoas atualmente abrangidas pela PrEP “é insuficiente, quer pelo tempo de espera para consulta de utentes referenciados, nomeadamente em alguns centros urbanos, quer por estimativas de número desejáveis de indivíduos a tratar, baseadas na coorte de Lisboa de homens que têm sexo com homens”.

Por esta razão, o Programa Prioritário para a área das infeções sexualmente transmissíveis e infeção por VIH, em articulação com o Infarmed, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e a Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, está a implementar a dispensa da PrEP em diferentes contextos, nomeadamente em cuidados de saúde primários e organizações de base comunitária (OBC), para além dos hospitais, à semelhança do que já acontece noutros países.

O relatório refere que o acesso à Profilaxia Pré-Exposição ao VIH para pessoas com risco acrescido de infeção “é uma prioridade” como estratégia de prevenção com elevada efetividade na redução da incidência de novos casos de infeção VIH.

“Até então o acesso a consultas e medicação para PrEP mantém-se apenas em contexto hospitalar para além de programas pontuais de descentralização protocolados entre serviços de infecciologia hospitalares, cuidados de saúde primários e OBC”, sublinham.

As autoridades apontam ainda que “a recolha e análise dos dados sobre a PrEP, reconhecidos os constrangimentos inerentes  ao procedimento implementado, permitem, com alguma reserva indicar que no final de 2020, do conjunto de 29 unidades hospitalares da Rede de Referenciação VIH (com ou sem SClínico), 24 informaram que já dispunham da consulta de PrEP”.

LUSA/HN

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