O documento, que o ONU News – órgão de comunicação oficial das Nações Unidas – divulgou hoje, avaliou nove vetores relacionados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sobre saúde e concluiu, que no ritmo atual, será necessário aumentar o investimento para acelerar as ações rumo de forma a cumprir as metas.
Da comparação feita com resultados da década passada, o novo relatório da Organização Mundial da Saúde, estima que na África Subsaariana 390 mulheres perderão a vida todos os dias para cada 100 mil nascimentos, até 2030.
O número situa-se cinco vezes acima dos objetivos para 2030, menos de 70 óbitos de grávidas para cada 100 mil partos. Além disso é ainda superior à média de 13 mortes para 100 mil nascimentos na Europa, registada em 2017. A média global é de 211 mortes maternas.
A OMS/África afirma que para alcançar os ODS, o continente precisará de reduzir em 86% os níveis de mortalidade materna de 2017, o ano em que os últimos dados foram reportados. Para a agência aquela meta seria irrealista tendo em vista o ritmo da queda atual.
Os índices de mortalidade infantil, por exemplo, são de 72 para cada 1000 nascimentos vivos. A redução anual é de 3,1%, e espera-se uma queda de 54 mortes para cada mil nascimentos até 2030.
Números que estão bem acima da meta de redução para menos de 25 por mil nascimentos.
A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, diz que o continente conseguiu alcançar alguns dos níveis mais rápidos de redução do globo, em certas áreas de saúde, mas está a perdê-los neste momento.
Assim, para muitas mulheres africanas, ter um bebé ainda é um risco e milhões de crianças morrem antes de completar cinco anos de idade.
Para aquela responsável, os governos precisam de corrigir, de forma radical, aquele percurso e aumentar o passo no cumprimento das metas de saúde.
Para a diretora regional da OMS, os objetivos “não são apenas marcos, mas a própria base de uma vida mais saudável e do bem-estar para milhões de pessoas”.
A África também enfrenta outros desafios na saúde como o da dimensão da vacinação.
A mortalidade de crianças abaixo de cinco anos caiu 35%, e as mortes de recém-nascidos também foram reduzidas em 21%. Enquanto a morte de mães baixou 28%.
Na última década, avanços em três áreas ficaram estagnados, especialmente em mortalidade materna.
O continente avançou, porém, no domínio do planeamento familiar, com 56,3% de mulheres em idade reprodutiva recebendo métodos contracetivos em 2020. Mas mesmo neste domínio, África está bem abaixo da média global de 77%.
A OMS acredita que a redução das ações nos domínios da saúde foi agravada pelos efeitos da pandemia da Covid-19 no setor de saúde.
Serviços de atendimento para cuidados pós-natal e unidades de tratamento intensivo neonatal, assim como campanhas de imunização foram afetados.
Por isso, desde 2021, a África tem enfrentado um retorno de surtos de doenças evitáveis por vacinas. O sarampo, por exemplo, aumentou 400% entre janeiro e março de 2022, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
O investimento inadequado em saúde e financiamento para programas de saúde são alguns dos maiores retrocessos para alcançar os ODS na saúde, escreve ainda o ONU News.
Recordando que, no ano passado, uma pesquisa da OMS em 47 estados africanos, constatou que uma parcela daquela região tem 1,55 trabalhadores de saúde, incluindo médico, parteira e enfermeiros, para 1 mil habitantes.
Uma média inferior ao limite de densidade de 4,45 profissionais para mil habitantes, o que é necessário para fornecer serviços essenciais e atingir a cobertura universal de saúde.
No continente africano, 65% dos nascimentos são feitos por pessoal qualificado, é a taxa mais baixa do mundo e está bem distante da meta de 90% até 2030.
As mortes neonatais somam quase metade de todos os óbitos de crianças menores de cinco anos.
Deste modo, acelerar a agenda para reduzir essas mortes pode ser o maior passo na diminuição de óbitos de crianças abaixo de cinco anos para menos de 25 por mil nascimentos.
LUSA/HN
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