Embora os cientistas sejam, juntamente com os médicos, os profissionais que mais confiança social suscitam, os cidadãos demonstram um notável desconhecimento de algumas das grandes figuras históricas da ciência.
Estes são alguns dos principais resultados de um estudo da Fundação BBVA sobre cultura científica na Europa, realizado em Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, que se baseou em inquéritos a 1.500 adultos por país.
O estudo revela que a maioria da população interessa-se por ciência e acompanha as informações científicas através de canais convencionais e digitais, e que quase metade da população fala sobre ciência nas suas conversas do dia-a-dia.
Em países como a Alemanha, de resto, os cidadãos atingiram um grau de familiaridade alto ou médio-alto, como no caso da Espanha, França e Reino Unido, e manuseiam uma ampla gama de conceitos científicos.
A maioria dos cidadãos entende conceitos científicos elementares sobre diversos tópicos como a divisão celular e a origem do universo ou a evolução dos seres humanos, e mostra um nível muito mais fraco de compreensão de antibióticos, alterações climáticas, genes ou modificação genética.
Assim, 67% dos espanhóis e 74% dos países como um todo, atribuem grande ou considerável importância ao fato de uma teoria ser publicada numa revista científica, mas, ao mesmo tempo, quase metade dos inquiridos considera que algo é muito importante quando é relatado num jornal ou na televisão.
Os europeus conhecem o nome de alguns dos grandes cientistas, especialmente da física, como Albert Einstein, Isaac Newton, Marie Curie ou Galileu Galilei.
A bastante distância destes cientistas, segue-se Charles Darwin, que atinge uma percentagem significativa de menções em todos os países.
No Reino Unido e na Espanha, Stephen Hawking também é muito mencionado, naquele que é talvez o cientista com mais presença nos ‘media’ nas últimas décadas.
No entanto, grande parte da população desconhece figuras monumentais do século XX como Max Planck, Niels Bohr, Francis Crick e James Watson.
Marie Curie é a única mulher com alto percentual de menções em todos os países, sendo que na Alemanha aparecem mais duas mulheres atrás de Curie, Maria Goeppert-Mayer (segunda mulher agraciada com o Prémio Nobel de Física) e a matemática Emmy Noether, enquanto no Reino Unido, os cidadãos também reconhecem Ada Lovelace.
Os entrevistados valorizam muito a ciência porque esta “revela aspetos fascinantes da natureza”, porque é “o conhecimento mais confiável e verdadeiro” ou porque “reduz superstições e medos do passado”.
Os europeus deixaram para trás conceitos de décadas passadas como: “estaríamos melhor a viver sem tanta ciência e tecnologia” ou “a ciência destrói os valores morais das pessoas”.
Pelo contrário, depositaram grandes expectativas no contributo da ciência para o tratamento do cancro (76% espanhol e 79% nos outros três países) e para ajudar a prolongar a vida e a saúde das pessoas, e a obter fontes de energia limpa e abundante.
Sobre o controlo da investigação científica, há divisão entre os países alvo do estudo, com o Reino Unido e Espanha a acreditar que esta deve ser controlada por cientistas, enquanto na Alemanha, preferem que seja controlada pela sociedade.
Mas a maioria acredita que a ética deve impor limites aos avanços científicos (72% em todos os países).
LUSA/HN
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