No requerimento dirigido ao Governo através do presidente da comissão parlamentar de Saúde, o deputado social-democrata António Maló de Abreu, o PSD recorda que tem vindo a exigir o acesso ao relatório da comissão incumbida de apresentar uma proposta de organização da resposta de saúde na área da ginecologia e obstetrícia.
Um mês depois da conclusão do documento, em setembro de 2022, o PSD apresentou esse mesmo pedido em comissão parlamentar, que foi aprovado por unanimidade, sublinham no requerimento agora formalizado.
Na semana passada, numa audição na comissão de Saúde, o coordenador dessa comissão, o médico Diogo Ayres de Campos, “lamentou a divulgação, na comunicação social, de notícias pouco rigorosas sobre o relatório”, apontam os deputados do PSD.
“Questionado na mesma audição parlamentar sobre as razões pelas quais o Documento Técnico da Comissão não foi entregue pelo Governo à Comissão da Saúde, apesar de por esta solicitado, o Prof. Diogo Ayres de Campos respondeu: ‘Não me perguntem a mim, por favor’”, aponta o PSD no requerimento.
O PSD argumenta ainda que Ayres de Campos considerou que a comissão de Saúde “deveria já conhecer a proposta” da comissão.
Na quarta-feira, o médico Diogo Ayres de Campos defendeu na comissão de Saúde que o fecho rotativo das urgências de obstetrícia e ginecologia “não é uma solução civilizada para um país europeu”, porque quebra a ligação entre os hospitais e as grávidas.
No dia em que o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, anunciou que as maternidades e blocos de partos vão continuar a abrir de forma rotativa nos primeiros três meses deste ano, num esquema semelhante ao que aconteceu no Natal e no fim de ano, Diogo Ayres afirmou no parlamento que esta medida pode ser boa “como solução temporária”, mas não a longo prazo.
“Como solução temporária pode ser uma boa coisa para este período mais complicado, em que há pessoas que estão de férias, mas não acho que seja uma solução civilizada para um país europeu, porque quebra a ligação entre os hospitais e as grávidas”, declarou.
Como não se consegue programar a maior parte dos partos, disse, quebra-se “essa ligação e as grávidas vão mais para os cuidados privados ou então que vão procurar esses cuidados noutros hospitais”.
Na qualidade de diretor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Diogo Ayres de Campos disse que isso foi observado no seu hospital, que registou um aumento de cerca de 250 partos, “por causa dos encerramentos” à volta da instituição.
Além disso, esta medida também possibilita que nas horas que antecedem esse encerramento haja transferência de grávidas em trabalho de parto.
“Acho que nenhum de nós quer transferir grávidas em trabalho de parto, a não ser que não tenha outra alternativa. Não acho que seja uma solução sustentável”, defendeu, adiantando que a comissão de acompanhamento está a trabalhar com a direção executiva do SNS na avaliação de soluções alternativas a esta medida.
Segundo o especialista, o “cerne do problema” são as equipas que estão reduzidas, porque que “o SNS não é atrativo” para os médicos e enfermeiros.
Disse ainda que será “muito difícil” atrair profissionais para o SNS, devido há diferença de salários com o privado.
LUSA/HN
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