“Temos aqui colegas com 10, 15 e 20 anos de profissão, que estiveram e estão como enfermeiros especialistas, com muitos anos de profissão e que estão a auferir muito menos salário que colegas 10 e 15 anos mais novos”, denunciou o presidente do SEP, José Carlos Martins.
Em declarações aos jornalistas, à saída de um plenário com os enfermeiros do centro hospitalar, o sindicalista disse que aquela situação, “naturalmente, desemboca em descontentamento, insatisfação e desmotivação” dos profissionais.
José Carlos Martins argumentou que é a administração do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) que está a “empurrar os enfermeiros” para a greve, tendo depois anunciado a emissão de um pré-aviso de greve para o dia 03 de fevereiro, com concentração à porta da unidade de saúde.
De acordo com o dirigente sindical, será aprovado “um conjunto de exigências de solução imediata” e, caso não sejam atendidas, os enfermeiros “vão continuar a lutar”, porque a sua situação profissional é “intolerável”.
“Temos aqui [CHTV] enfermeiros com 10, 15 anos, de vínculo precário. Estiveram em situações como todos os outros e porque tiveram vínculo precário, por questões jurídicas e políticas, agora não lhes querem contar 10 e 15 anos de serviço e o seu percurso conta zero”, apontou.
Outra reivindicação da classe, continuou, é a “descriminação” face aos restantes trabalhadores da administração pública.
“É totalmente inadmissível e intolerável”, acusou, apontando o dedo “tanto ao Ministério da Saúde como à administração” do CHTV com quem se reuniu esta sexta-feira, apesar de o resultado ter sido, na sua opinião, “inconclusivo”.
O sindicalista disse que “a administração vai refletir”, mas considerou que o CHTV já teve muito tempo para o fazer.
“Não é admissível. Após a publicação do decreto há quadro legal para resolver todas estas situações. [Isto] Tem a ver com o entendimento da administração e com a ausência da emissão de orientações por parte do Ministério mais claras”, considerou.
Segundo o delegado sindical em Viseu, David Ramos, o CHTV tem cerca de 1.100 enfermeiros, dos quais “cerca de 600” estão com situações em que a contabilização dos anos de exercício profissional não foi “bem feita” para efeitos de progressão.
“As consequências são enormes. Agora tivemos conhecimento que durante este processo de descongelamento houve mais de 500 reclamações junto do conselho de administração a exigir uma recontagem destes pontos”, acrescentou.
Presente no plenário estava António Fernandes, profissional no serviço de Pediatria. É enfermeiro desde 1997, especialista desde 2010, mas usufrui um salário inferior aos colegas de curso que não se especializaram.
“Tenho colegas do meu curso, inclusivamente a minha esposa, que teve o mesmo percurso que eu, só que não foi e não é especialista. Está num índice mais elevado do que o meu”, denunciou.
Segundo disse, colegas com menos de 10 anos de serviço e que não são especialistas recebem tanto ou mais do que ele. António Fernandes subirá “para o índice 23”, onde estão, atualmente, os colegas de curso, em 2027.
LUSA/HN
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