Vila Franca de Xira não era opção para os bombeiros, por isso o doente foi levado para o Hospital de Santa Maria, esta semana. A decisão de abandonar o lar para ser visto por um médico foi do enfermeiro.
A entrada no maior hospital de Lisboa aconteceu durante a tarde, e a alta à noite, mais de 24 horas depois, por abandono do local; mas o doente, surdo, acompanhado pelo filho desde o primeiro dia, nunca saiu das urgências. “O médico reconheceu perfeitamente a situação, fez a consulta, deu a alta, deu o antibiótico e saímos de lá.” “É uma experiência assustadora. Um serviço médico (…) mostrou-se incapaz de socorrer muita gente”, relatou o filho.
“É completamente desesperante o tempo de espera e o [pouco] feedback”, numa urgência “apinhada de gente”, com “muita gente idosa”. “Não há qualquer serviço de refeições. (…) Há pessoas ali na urgência que se via que não tinham acompanhantes. Se não tiverem um acompanhante, podem morrer ali.”
No segundo dia, pai e filho viram um idoso numa cadeira de rodas perder os sentidos e ser retirado da sala. E “vários idosos pediam ajuda”; “pessoas sozinhas, que não tinham ajuda”, descreveu o acompanhante.
“Percebia-se que estava sobrelotado e a capacidade de reação era realmente difícil. E realmente uma pessoa ali pode morrer”, reforçou.
O HealthNews contactou o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e obteve resposta: “O novo Conselho de Administração do CHULN dá grande prioridade às melhorias das condições para doentes e profissionais do Serviço de Urgência Central do Hospital de Santa Maria. O CHULN tem já no terreno um projeto especial, que envolve vários serviços do hospital, com o objetivo de melhorar rapidamente o funcionamento global das urgências e evitar tempos de espera prolongados e absolutamente indesejáveis.”
HN/RA
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