Rácio de profissionais de saúde cabo-verdianos aumentou 34% em seis anos

8 de Março 2023

O rácio de profissionais de saúde em Cabo Verde aumentou de 55,3 por 10.000 habitantes em 2016 para 74 em 2022, disse hoje no parlamento a ministra da Saúde, sublinhando o reconhecimento internacional dos resultados neste setor.

“Cabo Verde é hoje, do ponto de vista sanitário, um país muito mais seguro, muito mais atrativo, mais responsivo e com ganhos reconhecidos internacionalmente”, afirmou a ministra Filomena Gonçalves, no debate na Assembleia Nacional, na Praia, sobre o setor da Saúde.

“Aumentámos os rácios de médicos especialistas, médicos de clínica geral, enfermeiros, técnicos de apoio operacional, etc. Iniciámos o curso de especialização em medicina geral e familiar, um dos passos imprescindíveis para a implementação da política de saúde familiar e institucionalização do Médico de Família”, destacou ainda.

Segundo Filomena Gonçalves, o país vai ainda contar em breve com “os primeiros 23 especialistas em Medicina Geral e Familiar formados em Cabo Verde”.

“Para alargar e reforçar a cobertura nacional na área da saúde mental na rede dos cuidados primários do país, está-se a trabalhar numa proposta para a criação de equipas comunitárias de saúde mental, com o apoio do Instituto Nacional Ricardo Jorge, de Portugal, bem como esperamos validar para breve a Estratégia Nacional para a Prevenção do Suicídio em Cabo Verde, que reforçará a nossa capacidade para responder a um dos principais fatores de morte por ‘causa externa’”, avançou ainda.

De acordo com Filomena Gonçalves, o Orçamento público destinado ao setor da Saúde em Cabo Verde “vem aumentando anualmente, tendo registado um crescimento de 271%, do ano 2015, ou seja, o triplo de investimento”.

Em representação da bancada do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) a deputada Paulo Moeda apontou falta de políticas do Governo para várias componentes do setor da Saúde, nomeadamente no combate às listas de espera: “Ainda estamos à espera”.

A deputada do partido que esteve no poder de 2001 a 2016 apontou as debilidades dos transportes interilhas, que conta com apenas dois hospitais centrais (Praia e São Vicente) para nove ilhas habitadas, têm vindo a “aumentar as vulnerabilidades” do setor, o mesmo acontecendo com “contratos precários” que afetam profissionais da saúde.

Manifestou ainda preocupação com o “subsistema farmacêutico” em Cabo Verde, face à “rutura” de fornecimento de medicamentos.

“A lista de medicamentos em falta já é grande”, criticou Paula Moeda.

“Dentro da possibilidade nacional, temos respondido da forma mais adequada, as doenças crónicas nãos transmissíveis, com especial atenção as doenças cardiovasculares, cancerígenas e diabéticas, sem nunca descurar a nossa atenção para a consolidação e seguimento das conquistas alcançadas ao nível das doenças transmissíveis”, disse, por seu turno, a ministra da Saúde.

Acrescentou igualmente que as taxas de incidência e prevalência de tuberculose pulmonar têm vindo a cair, bem como da taxa de deteção e de diagnóstico de novos casos de HIV/SIDA.

“Cabo Verde é considerado um líder na eliminação da transmissão vertical do VIH, sendo o único na África ocidental a estar perto de alcançar este objetivo, 99% das crianças nascidas de mães que vivem com VIH são saudáveis e as suas mães continuam com vida, facto que classifica Cabo Verde dentro dos critérios de certificação de eliminação da transmissão vertical do HIV, no horizonte 2024”, afirmou ainda Filomena Gonçalves.

Apontou que Cabo Verde está em processo de certificação internacional de país livre do paludismo, “um feito verdadeiramente notável para um pequeno estado insular em desenvolvimento, localizado numa área geograficamente sensível e muito vulnerável aos diversos fatores determinantes” para a reintrodução desta doença.

“Há mais de cinco anos, não registamos nenhum caso autóctone de malária e ainda este ano seremos certificados pela Organização Mundial da Saúde”, garantiu.

De acordo com os dados apresentados no parlamento pela ministra, a mortalidade infantil em Cabo Verde cifrou-se em 15,4 por mil nascidos vivos em 2016, que baixou para 10,6 em 2021, “valor muito abaixo à média da África Subsariana e à média mundial”.

“A taxa de cobertura vacinal continua, ano após ano, dentro do que é expectável e desejável, isto é, acima dos 95%, muito acima do que são as médias de referência internacional”, explicou igualmente a ministra.

Como exemplo, recordou que foram introduzidas com sucesso novas vacinas no calendário vacinal de rotina em Cabo Verde, em especial a da pólio inativada, febre amarela e HPV.

“No caso da introdução da vacina contra o HPV, está comprovado que esta é, até ao momento, a melhor e a mais eficaz forma de proteção contra o cancro do colo útero, o tipo de cancro que mais mata as cabo-verdianas”, sustentou.

LUSA/HN

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