No âmbito da audição requerida pelo Partido Comunista sobre a falta de profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde, o ministro da saúde admitiu que existe um “afluxo muito superior do que é normal nos serviços de urgência”, tratando-se de um “problema de organização do sistema”. 

O responsável pela pasta da Saúde referiu que o problema acaba por consumir muito os recursos humanos disponíveis. “Temos mais de 600 idas à urgências por mil pessoas/ano, enquanto na generalidade dos países europeus este número anda à volta das 350 idas”.

Apesar de reconhecer que é preciso mais profissionais de saúde nos CSP, Pizarro considera que o problema das urgências passa pela falta de literacia em Saúde.

“Mesmo nas regiões onde temos cobertura plena de Cuidados de Saúde Primários, por exemplo na região Norte, continuamos a ver um afluxo excessivo ao serviço de urgência. Há um fenómeno de literacia das pessoas que temos que trabalhar”, apontou.

É neste sentido, que o ministro da Saúde defende que é preciso investigar as razões de fundo que levam os portugueses a optar pelas urgências como porta de entrada do SNS. “Ao longo de décadas, as urgências sempre foram um problema do sistema de saúde português. Temos que perceber quais são as dinâmicas que criam dificuldades e levam a que tantas pessoas procuram o serviço de urgência”.

Entre as soluções foi mencionado o reforço do apoio com o setor social e a aposta no modelo de ULS.

“Acreditamos que uma das formas de melhorar é promovendo uma maior integração entre os diferentes níveis de cuidados. Desse ponto de vista, parece-nos que o modelo de ULS pode ser um contributo importante para essa integração de cuidados centrados nas pessoas, ajudando a diminuir a pressão sob os serviços de urgência”.

Questionado pelo PSD sobre a regulamentação das USF modelo C, Manuel Pizarro garantiu “não ter mudado de ideias” e reitera que “se o Governo estivesse convencido que através da utilização das USF modelo C haveria uma solução para uma parte dos utentes sem médico de família, esta medida seria adotada. O problema é que não estamos convencidos”.

Na audição, o ministro da Saúde sublinhou o contributo de iniciativas como a Via Verde Seixal que permitem a prestação de cuidados de saúde primários aos utentes sem médico de família residentes no Concelho.

“Modelos deste tipos são os que eu prevejo generalizar” na região de Lisboa e Vale do Tejo, afirma o Manuel Pizarro.

HN/Vaishaly Camões