Num comunicado, a Fiocruz informou que o projeto com o Centro de Excelência CAS-Twas para Doenças Infecciosas Emergentes (CEEID, na sigla em inglês) da China também envolve o Instituto de Microbiologia da Academia Chinesa de Ciências (CAS).
O novo centro de investigação científica para doenças infecciosas terá uma sede em Pequim e outra no Rio de Janeiro, e atuará para “fortalecer a cooperação na área de ciência e tecnologia relacionada à saúde, com foco na prevenção e controle de pandemias e epidemias, tais como, covid-19, influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela, oropouche e outras doenças infecciosas, como a tuberculose”.
Além disso, a parceria também buscará desenvolver bens públicos de saúde global, como testes de diagnósticos rápidos, terapias, vacinas e fármacos.
A formalização do acordo ocorre por ocasião da primeira visita do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China depois da sua tomada de posse, ressaltando a reaproximação entre os dois países.
Segundo a Fiocruz, a cooperação já se vinha delineando desde antes da pandemia de covid-19, mas sofreu atrasos devido à emergência sanitária e por questões políticas.
“Com a eleição do Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e a reaproximação de Brasil e China, o memorando de entendimento tomou novo impulso, mostrando que as relações dos dois países podem se aprofundar também na área de saúde”, disse a instituição brasileira.
“A cooperação sino-brasileira em ciência e saúde alcança outro patamar com esse acordo. A pesquisa conjunta em doenças infecciosas nos laboratórios chineses e brasileiros, a troca permanente de experiências e conhecimentos, a qualificação ainda maior da vigilância epidemiológica ganham com o fortalecimento da nossa ciência e capacitam mais os países na preparação para novas emergências sanitárias, cada vez mais comuns”, frisou o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Moreira também frisou, no comunicado, que a Fiocruz compartilha com a CAS e a Academia Mundial de Ciências (Twas) a visão dos bens de saúde como bens públicos, tais como vacinas, medicamentos e testes diagnósticos.
“O desenvolvimento e produção desses bens precisa se descentralizar e servir ao fortalecimento dos sistemas de saúde para diminuir a vulnerabilidade global. Vamos caminhar juntos nessa direção que fortalece a posição internacional da Fiocruz”, afirmou.
Na nota destaca-se que o acordo prevê a formação de um grupo de trabalho para implementar o centro nos dois países.
A Fiocruz informou que cada sede funcionará com investigadores das duas nacionalidades. Nelas serão desenvolvidos trabalhos de investigação básica, investigação clínica, treino e investigação, comunicação internacional e intercâmbio de pesquisadores.
“Este acordo reforça a cooperação em saúde pública”, comentou Shi Yi, diretor-executivo do CEEID que mediou a série de seminários entre Fiocruz e a CAS no ano passado.
Entre as doenças que serão estudadas, algumas atingem os dois países, como a covid-19. Outras, mais o Brasil, como a febre amarela, mas que vem atraindo o interesse chinês devido ao aumento de obras chinesas de infraestrutura em África, onde alguns de seus trabalhadores têm contraído a enfermidade para a qual a Fiocruz tem experiência, já que produz a vacina.
Por outro lado, a organização brasileira lembrou que a China e Índia produzem grande parte do ingrediente farmacêutico ativo usado no mundo e o país sul-americano pode beneficiar estreitando laços com estes parceiros.
LUSA/HN
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