Médicos sudaneses advertem que o colapso do sistema de saúde é “iminente”

29 de Abril 2023

O Sindicato dos Médicos do Sudão adverte que "o colapso do sistema de saúde é iminente" e que a maioria dos hospitais do país está fora de serviço devido aos combates que decorrem há quase duas semanas

“Os serviços de saúde estão ameaçados de encerramento devido à continuação das operações militares e às violações do cessar-fogo em curso”, declarou o sindicato através de um comunicado.

O sindicato alertou também para a “escassez aguda” de equipamento e pessoal médico, bem como de passagens seguras para as ambulâncias acederem às zonas de combate para tratar os feridos, acusando o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês) de atacarem as instalações de saúde.

Segundo a fonte, mais de 70% dos hospitais das zonas onde se desenrolam os combates estão completamente fora de serviço, enquanto cerca de 20 centros médicos foram bombardeados desde o início dos combates, a 15 de abril.

A situação é também particularmente grave para os doentes que sofrem de insuficiência renal aguda, uma vez que os centros de diálise que assistem 12.000 pessoas estão a fechar ou a ficar sem provisões, “pondo em risco a vida destes doentes”.

O Sudão entrou hoje no 14.º dia consecutivo de combates, apesar de o exército e as RSF terem concordado em prolongar a trégua por mais 72 horas, mas os combates prosseguiram na capital Cartum e noutras zonas do oeste do país.

A trégua anterior, também de 24 horas, foi igualmente violada desde o início, mas a violência diminuiu, o que permitiu acelerar a retirada de cidadãos estrangeiros e a deslocação de sudaneses para zonas mais seguras do país.

Segundo dados da ONU e outras instituições, cerca de 50.000 pessoas fugiram do território sudanês para os países vizinhos desde o dia 15, principalmente para o Chade, o Sudão do Sul e o Egito.

A ONU estima que, se a violência continuar, poderá levar à deslocação de mais de 270.000 pessoas.

Até agora, pelo menos 512 pessoas morreram e mais de 4.000 ficaram feridas nos combates, segundo o sindicato dos médicos sudaneses.

Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição. Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão, em outubro de 2021.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Portugal com 7,9 enfermeiros por mil habitantes

Portugal tinha 7,9 enfermeiros por mil habitantes em 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados hoje, por ocasião do Dia Internacional do Enfermeiro.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights