“A cirurgia continua a ser feita por cirurgiões. O robot ajuda a preparar os ósseos [fémur e tíbia] para a implantação da prótese nova (…). O robot permite um maior rigor técnico, um preciosismo e perfeccionismo jamais visto em medicina. O robot permite personalizar a prótese para aquele doente”, disse o diretor do serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUdST), António Oliveira.
O médico, que falava à agência Lusa após a primeira cirurgia do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com assistência de robot para a prótese total do joelho, contou que 10 a 15% dos doentes operados pela técnica tradicional continuam a apresentar queixas residuais, situação que o CHUdST acredita que vai sofrer melhorias.
“Com o rigor que o robot introduz, melhoraremos os resultados clínicos e a satisfação dos doentes. Pretendemos também que, no futuro, com um programa de reabilitação precoce, os doentes fiquem internados menos tempo”, disse o diretor.
Em causa está um robot cujo braço roda 360 graus e que se acredita que aumente a segurança da cirurgia, uma vez que este imobiliza se os olhos do cirurgião não estiverem no campo cirúrgico.
Hoje foram operados dois doentes, de 76 e 73 anos, e este robot, o quarto do SNS e o segundo do Hospital de Santo António, poderá, no futuro, ser utilizado em cirurgia tumoral óssea e cirurgia da coluna vertebral.
Num universo de cerca de 500 cirurgias a próteses do joelho realizadas naquele hospital, António Oliveira tem expectativa de que cerca de 80% venham a ser assistidas por robot.
A utilização desta máquina, que chegou ao Porto há cerca de uma semana, obrigou os profissionais do CHUdST a frequentar formação em centros mundiais, num processo iniciado no ano passado.
Os doentes operados hoje, bem como os profissionais envolvidos na cirurgia, receberam a visita do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que descreveu a data como “um grande dia para o SNS, um dia de progresso tecnológico”.
A cirurgia robótica existe há 20 anos e calcula-se que existam cerca de 6.000 robots cirúrgicos no mundo inteiro.
Durante muitos anos, em Portugal e no SNS, só o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, dispunha de um robot cirúrgico oferecido por uma fundação.
Recentemente, quer o Hospital de São João quer o de Santo António, ambos no Norte, anunciaram a compra de robots cirúrgicos ao abrigo de um programa criado pela atual tutela.
“Isto não é ficção científica. É um robot cirúrgico que tem vantagens para os cirurgiões porque é mais ergonómico. Precisaremos dos cirurgiões e dos ortopedistas que tomam as decisões. Mas temos um instrumento que facilita a vida das pessoas que estão a operar e facilita a vida dos doentes que têm uma recuperação mais rápida e um pós-operatório mais tranquilo”, disse Manuel Pizarro.
O ministro da Saúde avançou que a robotização no SNS terá “novos capítulos”, prevendo-se o alargamento do programa “a outros hospitais públicos”, nomeadamente da região Centro e de Lisboa e Vale do Tejo.
“A vaga de inovação no SNS também ajuda a captar jovens profissionais”, concluiu o governante.
LUSA/HN
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